domingo, 28 de fevereiro de 2010

Para ser grande, sê inteiro

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive"

Ricardo Reis

Mitos e Factos...

... sobre a PENA DE MORTE:

Mito: A pena de morte previne o crime violento e torna a sociedade mais segura.Facto: Não existem a nível mundial quaisquer provas de que a pena de morte tenha um especial efeito dissuasor no que diz respeito à criminalidade. (...)

Mito: A pena de morte reduz a criminalidade associada ao tráfico e consumo de drogas.
Facto: Em Março de 2008, o Director Executivo da Agência das Nações Unidas para o combate às Drogas e ao Crime expressou a necessidade de se eliminar a aplicação da pena de morte em crimes relacionados com drogas: “Apesar das drogas matarem, não acredito que seja necessário matar por causa das drogas”. (...)

Mito: Os indivíduos terão menor propensão para cometer crimes violentos, incluindo o de homicídio, se souberem que poderão ser condenados à morte.
Facto: Este argumento pressupõe que os criminosos estudam e antecipam as consequências de serem apanhados, e decidem que uma longa pena de prisão é aceitável enquanto que uma condenação à morte não o é. (...)

Mito: A ameaça de execução é uma estratégia eficaz no combate ao terrorismo.
Facto: As pessoas que se dispõem a cometer actos de violência em larga escala, com o objectivo de aterrorizar uma sociedade, fazem-no sabendo que poderão sofrer sérios danos físicos e demonstram dessa forma que pouco ou nada se preocupam com a sua própria segurança. (...)

Mito: A pena de morte é aceitável desde que a maior parte da população a apoie.
Facto: A Amnistia Internacional reconhece às Nações o direito de criar leis. Contudo, essas leis devem ser formuladas tendo em conta o respeito pelos direitos humanos. (...)

Mito: A execução é a solução mais eficaz do ponto de vista económico para lidar com o crime violento.
Facto: Uma sociedade não pode ignorar os direitos humanos em prol de uma redução de custos na luta contra a violência. (...)

ver mais: aqui

1 de Março: Dia Internacional para a Abolição da PENA DE MORTE

"A Amnistia Internacional revelou que existem mais de 20.000 pessoas no corredor da morte, a aguardar execução pelos seus próprios governos.

Na sua última análise anual sobre o uso da pena de morte a nível mundial, a Amnistia Internacional revelou que pelo menos 2148 pessoas foram executadas, em 22 países, em 2005 – 94% dos quais na China, Irão, Arábia Saudita e EUA – e 5186 foram condenados à morte em 53 países.

A organização acautelou que estes números são aproximados, dado o secretismo em torno desta questão. Muitos governos, como o da China, recusam a publicação de estatísticas oficiais completas sobre as execuções, ao passo que o Vietname rotulou as estatísticas e os relatórios sobre a pena de morte como confidenciais, sendo tratados como um "segredo de Estado".

Segundo Irene Khan, Secretária Geral da Amnistia Internacional, "os números sobre a pena de morte são verdadeiramente preocupantes: 20.000 pessoas contam os dias até que o Estado lhes tire a vida. A pena de morte é a negação dos direitos humanos, na sua forma mais irreversível. É normalmente aplicada de uma forma discriminatória, no seguimento de julgamentos injustos ou é aplicada por motivos políticos. Pode ser um erro irreversível quando há uma falha na justiça."

"A pena de morte não é instrumento dissuasor de crime. Os governos têm de se concentrar em desenvolver medidas efectivas contra a criminalidade, em vez de se basearem na ilusão de controlo dado pela pena de morte" disse Irene Khan, Secretária Geral da AI.

Apesar destes números chocantes, a tendência para a abolição continua a aumentar: o número de países que levam a cabo execuções, diminuiu para metade nos últimos vinte anos e tem mantido esta tendência nos últimos quatro anos. O México e a Libéria são os dois exemplos mais recentes de países que aboliram a pena de morte.

(...)

O movimento contra a pena de morte está imparável. Em 1977, só 16 países tinham abolido a pena de morte para todos os crimes. Em 2005, esse número cresceu para 86.

A Amnistia Internacional continuará na sua campanha contra a pena de morte até que todas as condenações à morte sejam comutadas e a pena de morte seja abolida. Os direitos humanos são para todos, inocentes ou culpados. É por isso que a pena de morte tem de ser abolida globalmente."

ver mais: aqui

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A BEAT FOR PEACE

O povo do Sudão viveu um conflito de 22 anos que terminou num prolongado acordo de paz que obrigou a um grande investimento e apoio por parte da comunidade internacional. Neste momento há um forte risco de este acordo ser quebrado e de que aconteça o regresso ao conflito com consequências desastrosas para a população do Sudão.

É neste contexto de preocupação com o conflito que a Plataforma Por Darfur, trabalha para que os direitos humanos sejam promovidos e respeitados.
Uma das acções levadas a cabo será marcada pelo ritmo dos tambores da campanha Sudão365.
Esta campanha internacional, apela à comunidade internacional e aos líderes mundiais para estarem atentos à situação dos direitos humanos no Sudão em 2010 e para que evitem a retoma numa nova espiral de derramamento de sangue, violência e impunidade. No Darfur, continua por resolver o conflito, onde foram vitimadas centenas de milhar de pessoas e milhares continuam a sofrer diariamente nos campos de refugiados.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Prisioneiro político cubano MORRE ao fim de 85 dias de GREVE DE FORME

O prisioneiro político cubano Orlando Zapata Tamayo, de 42 anos, morreu ontem à noite, ao fim de 85 dias de greve de fome que iniciou como protesto contra as condições prisionais no país. Orlando Tamayo, lutava pela melhoria das condições prisionais.
Tamayo chegou a dar entrada no hospital, quando o seu estado de saúde se deteriorou e estava a receber fluidos por via intravenosa.
A sua morte foi a primeira de um prisioneiro político em Cuba por greve de fome desde 1972, quando o líder estudantil e poeta Pedro Luis Boitel morreu na prisão.

A Comissão Cubana para os Direitos Humanos, refere que as autoridades cubanas deviam ter forçado Tamayo a alimentar-se para evitar a sua morte e acusa o regime de ter levado a cabo um “homicídio virtual premeditado”.

“Conseguiram aquilo que queriam. Mataram-no. Puseram termo à vida de um lutador pelos direitos humanos”, disse a mãe do prisioneiro.

A Amnistia Internacional classificou-o como um dos 58 “prisioneiros de consciência” em Cuba. Segundo a Comissão Cubana para os Direitos Humanos existem 200 prisioneiros políticos na ilha.

ISTO DOS AFECTOS...

É certo que o Homem, por ser humano, é também um ser afectivo... Ao contrário da maior parte dos animais, o Homem depende da sua progenitora por muitos anos...

Mas será que os animais não têm medo?

Harlow foi um psicólogo norte-americano que através de um estudo experimental demonstrou a importância dos cuidados, do conforto e do amor nas primeiras etapas do desenvolvimento em animais, neste caso em macacos rhesus.

Este psicólogo criou duas "mães" de ferro. Uma era feita de arame e tinha o alimento, neste caso, o leite, a outra "mãe" de ferro não tinha qualquer alimento mas estava toda ela coberta por um pano macio.

Qual é a "mãe" que o macaco prefere?
  • A que lhe dá o alimento ou a "mãe" que por ter um textura macia lhe transmite conforto e segurança ainda que não tenha leite?

Vejamos...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O MUNDO ESTÁ FARTO DE ÓDIO*

* Mahatma Gandhi

"EU CALEI-ME"

"Primeiro levaram os comunistas, eu calei-me, porque não era comunista. Quando levaram os sociais democratas, eu calei-me, porque não era social-democrata. Quando levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque não era judeu. Quando me levaram, já não havia quem protestasse."

Martin Niemöller (1892-1984)Pastor luterano alemão que foi internado pelos nazis em campos de concentração.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A violência dos jogos de computador - Entrevista nº2

Entrevista realizada em Dezembro de 2009 no decorrer de um trabalho académico.

Entrevistado:
"Pedro Correia" de 13 anos a frequentar o 8º ano.

Para além de veres televisão o que é que mais gostas de fazer nos teus tempos livres?
Jogo computador.
Quais são os teus jogos preferidos?
GTA SAN ANDREAS, 4STORY, NEED FOR SPEED MOST WANTED e Call of Dutty (COD).
O que é que fazes num jogo como o GTA?
Mato pessoas, atropelo-as, compro armas. Dá para assaltar as casas a partir da meia-noite, mas eu nunca experimentei… tenho de experimentar. Faço car jacking, roubo carros, motas, ambulâncias, carros da polícia, helicópteros, aviões e barcos. Faço perseguições. Dá para buzinar às meninas que vão na rua a passear. Também dá para fumar. Posso ir jogar ao casino. Tenho escolas de condução para aprender a conduzir…
Como é que matas as pessoas?
Com armas, facas ou então ao soco e pontapé.
Para além de matares as pessoas o que é que tens de fazer mais para passar as missões?
Também temos de fazer tráfico. Dão-me um saco e eu vou levá-lo. Ás vezes eu nem sei o que vai lá dentro…. já levei dinamite.
E no 4Story, o que é que tens de fazer para cumprir as missões?
Nesse jogo eu tenho poderes mágicos e para cumprir as missões que pedem tenho de matar animais.
O jogo NEED FOR SPEED é de corridas de carros, certo?
Sim.
MOST WANTED quer dizer “Mais procurado” o que é que isso significa?
A polícia tem uma lista com os quinze condutores mais procurados e eu tenho de os ultrapassar a todos e o jogo acaba quando chego ao primeiro lugar.
Então chegar ao primeiro lugar significa ser o “Mais Procurado” pela polícia?
Sim.
Neste jogo também ganhas dinheiro?
Sim.
Como?
Participo em corridas ilegais.
Há polícia?
Sim… não consigo passar o jogo sem fugir à polícia.
Eu sei que o CALL OF DUTTY (COD), é um jogo que retrata a segunda guerra mundial. O que é que fazes neste jogo?
Mato nazis e salvo reféns.
Que armas é que usas?
Uso metrelhadoras, pistolas, rifles, granadas, rockets, tanques, aviões e canhões.

Todos diferentes, todos iguais



A linha que separa o que é igual do que é diferente é muito ténue. Quando se pede que "não se trate por igual aquilo que é diferente" é impossível não nos lembrarmos dos argumentos para o apartheid ou para a segregação racial em qualquer parte do mundo. Qual é a linha que nos faz agora concordar que a diferença entre negros e brancos não conta como diferença mas que o casamento homossexual já seja diferente do casamento heterossexual?

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A violência dos jogos de computador - Entrevista nº1

Entrevista realizada em Maio de 2009 no decorrer de um projecto de investigação...

Entrevistado: "Miguel Silva", de 10 ano a frequentar o quarto ano de escolaridade.

Para além de veres televisão o que é que mais gostas de fazer nos teus tempos livres?
Jogo PLAYSTATION e computador.
Qual é o teu jogo preferido?
GTA VICE CITY.
Eu sei que esse jogo é para maiores de dezoito anos e tu tens dez. Os teus deixam-te jogar?
Sim.
O que é tu fazes nesse jogo?
Mato pessoas, roubo carros, roubo motas,…
Matas pessoas com o quê?
Com uma faca.
E para além disso, o que é que fazes mais nesse jogo?
Ando de avião, ando de barco, vou às pizzarias… comprar…
Os aviões em que andas são teus ou és tu que os roubas?
Compro-os.
Com que dinheiro?
Com o meu… que ganho nas pessoas... mato-as e depois deixam dinheiro.
Então cada vez que tu matas uma pessoa ganhas dinheiro?
Sim.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A SUPERFICIALIDADE DOS PROGRAMAS TELEVISIVOS

A tarefa dos responsáveis pela programação consiste em conseguirem captar a atenção do público e conservá-la o tempo suficiente para poderem em seguida passar uma mensagem publicitária. Se tomarmos em consideração a psicologia humana, não é uma missão fácil... Os seres humanos cansam-se com facilidade e são dominados rapidamente pela indiferença. Para conservar a nossa atenção, a televisão é constantemente obrigada a transformar-se. Por outro lado, os seus interesses situam-se no presente imediato, não lhe interessando os problemas que não podem ser resolvidos a curto prazo.
A televisão é governada pelo tempo.
No fim de um programa/filme todas as intrigas devem estar resolvidas e as incertezas suprimidas. Chegou o momento de vender produtos, assim o relógio comanda a passagem de um programa para o outro e para outros produtos. Pelo menos neste aspecto a televisão faz lembrar a escola. Quando um aluno começa a interessar-se por um determinado assunto ou quando uma discussão atraente ou estimulante se enceta imediatamente antes do toque, só resta a submissão à tirania do relógio. Passou a hora: muda-se de assunto. Tais atitudes têm como consequência minimizar o interesse e prejudicar a aprendizagem; ensinam as crianças a abordar tudo de uma forma SUPERFICIAL. Não espanta que os professores mencionem a falta de concentração dos alunos e o facto de estes não serem capazes de realizar um trabalho de grande fôlego. Mesmo tratando-se de assuntos que eles próprios escolheram. Nem a televisão nem a escola educam o interesse das crianças para além de uma certa duração, o que não encoraja a procura do saber.
A televisão não revela verdadeira curiosidade, que falta muitas vezes ás crianças que estão habituadas a vê-la muito tempo. Sistema omnisciente por excelência, não deixa espaço ao mistério. Para penetrar nos verdadeiros mistérios é preciso tempo; isso pressupõe também à partida autênticos conhecimentos e situações reais para os estimular.
A informação pode castrar alguns instantes a um autêntico mistério, mas as crianças não se interessam pela informação, preferem ver outros programas, alguns dos quais falam de factos misteriosos.


Excerto adaptado do livro "Televisão: Um perigo para a democracia"

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Ingratidão...

Por indústria de uns olhos, mais brilhantes
que o refulgente sol dos céus no cume,
jaz preso entre os grilhões do idálio nume
o mais terno e sensível dos amantes.

Uma ingrata, exemplar das inconstantes,
por génio, por sistema ou por costume,
todo o fel da tristeza e do ciúme
lhe verte sobre os míseros instantes.

Se com piedoso afago lhe suaviza,
lhe engana alguma vez a dor que o mata,
mil vezes em desdéns o tiraniza.

O laço aperta, e súbito o desata...
Ah! Doce encanto meu, gentil Felisa,
o desgraçado eu sou, tu és a ingrata.


Bocage

Crepuscular

Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d'ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.

As madressilvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Tem delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados.

Sentem-se espasmos, agonias d'ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas...
- Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.

As tuas mãos tão brancas d'anemia...
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
- É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.


Camilo Pessanha

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A FANTASIA DOS PROGRAMAS DE ENTRETENIMENTO

Se, como se diz, as crianças de hoje são cruéis umas com as outras, se são privadas de compaixão, se troçam dos frágeis e desprezam quem pede ajuda, será que isso se deve ao facto de que vêem televisão? É verdade que os pobres e os infelizes invulgarmente ocupam o pequeno ecrã e, quando aparecem, são vulgarmente ridicularizados... Em televisão é a riqueza que é a chave da felicidade...
O mais ilógico é que quase nunca são mostradas pessoas a trabalhar nem o modo como adquiriram os bens que mostram. Não se cria nenhuma relação entre riqueza e trabalho. As crianças, que optam pelos caminhos mais fáceis, desejam a felicidade tal como é apresentada na televisão, ou seja, possuir bens materiais, mas não sabem o que precisam de fazer para os conseguirem. E como poderiam sabê-lo? Para a televisão, mostrar pessoas a trabalhar é uma maldição, é tempo desperdiçado! O programa tornar-se-ia aborrecido, o que é intolerável. E, em televisão, todos os momentos devem ser excitantes, todos os acontecimentos devem conseguir a atenção do espectador. É por isso que não é possível mostrar a relação que une o trabalho à riqueza .

Excerto adaptado do livro "Televisão: um perigo para a democracia" de Karl Popper

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Al-Qaeda pede ataques contra cristãos e judeus*

Excerto, com supressões, do livro FÚRIA DIVINA de José Rodrigues dos Santos:

“Conheceu fundamentalistas?”
“Claro.”
(…)
“E então?” (…) “O que lhe disseram os tipos Tom? Por que razão andam eles a atacar toda a gente? Porque fazem estes atentados horríveis? Eles explicaram-lhe isso?”
(…) “Está a insinuar que não sabe por que motivo os radicais levam a cabo estes ataques?”
“Bem, presumo que isso se deva a… a razões socioeconómicas, à pobreza, à ignorância…”
“Quais razões socioeconómicas? Qual pobreza? Qual ignorância? Não sabe que o Bin Laden é milionário? Não sabe que uma importante parte dos homens que levam a cabo estes atentados tem estudos universitários?....”
“Pois… tem razão. Então qual é a explicação? Descobriu-a?”
“Claro.” (…) “Aqueles a quem você chama fundamentalistas limitam-se a seguir à letra as ordens que estão no Alcorão e na vida de Maomé. Tão simples quanto isso.”
“Não é bem assim”, corrigiu ela. “Eles fazem uma interpretação abusiva do islão.”
(…)
“Oiça, é preciso entender um conjunto de coisas sobre o islão”, disse. “A primeira, e talvez a mais importante de todas, é que o islão não é o cristianismo. Nós temos esta fantasia de que os profetas promovem sempre a paz e de que para eles a vida é sagrada, seja em que circunstâncias for. Em momento algum os profetas aceitam que se faça guerra e se mate outras pessoas. (…)” … “Quando um cristão faz a guerra é importante que perceba que ele está a desobedecer a Cristo. Não foi Jesus que disse que, quando nos batem numa face, devemos dar a outra? Ao recusar-se a dar a outra face e ao optar pela guerra, o cristão está a desobedecer ao seu Profeta, ou não está?”
“Claro que sim.”
“Pois essa é a importante diferença entre o cristianismo e o islão. É que, no islão, quando um muçulmano faz a guerra e mata gente pode estar simplesmente a obedecer ao Profeta. Não se esqueça de Maomé era um chefe militar! No islão pode acontecer que o muçulmano que se recuse a fazer a guerra seja precisamente aquele que desobedece ao seu Profeta!”
(…)
“Está a falar a sério?”
(…) “A maior parte do Alcorão é constituída por versículos relacionados com a guerra.”
(…) “Sempre ouvi dizer que o islão é totalmente pacífico e tolerante.”
“E é, se formos todos muçulmanos. O islão impõe regras de paz e concórdia entre os crentes. O problema é se não formos muçulmanos.(…) No nosso caso, os não muçulmanos, as ordens inscritas no Alcorão ou no exemplo de Maomé são que temos de pagar aos muçulmanos uma taxa humilhante. Se não o fizermos, seremos mortos. Ou seja, se levarmos à letra as regras do islão, a escolha é muito simples: ou nos convertemos em muçulmanos, ou nos humilhamos, ou somos assassinados.”
“Mas eu nunca ouvi falar nisso…”
“Nunca ouviu porque no Ocidente estes factos são ocultados. A versão do islão que nos é apresentada é uma versão expurgada destes pormenores perturbadores. Dão-nos uma versão cristianizada do islão. (…) ” … “No Ocidente é apenas apresentada uma versão cristianizada do islão , havendo sempre o cuidado de eliminar todos estes pormenores que nos poderão chocar e alienar. Está a ver Jesus a mandar cortar cabeças de pessoas e a dizer a condenados que quem vai tratar dos seus filhos será o Inferno e a vangloriar-se perante a cabeça decepada de um inimigo?” (…) “Lembre-se de que os fundamentalistas não estão a inventar nada. Limitam-se a executar à letra as ordens do Alcorão e a seguir o exemplo do Profeta. Eles citam profusamente os textos sagrados do islão e o grande problema é que, quando vamos ás fontes verificar o que está lá de facto escrito, descobrimos que os fundamentalistas têm razão. Está lá mesmo escrito o que eles dizem que está escrito.”


Hoje saíu esta* notícia no PÚBLICO... e esta no CORREIO DA MANHÃ...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

"Um suicídio no trabalho é uma mensagem brutal"*

"Posso contar, por exemplo, o caso de um estágio de formação em França em que, no início, cada um dos 15 participantes, todos eles quadros superiores, recebeu um gatinho. O estágio durou uma semana e, durante essa semana, cada participante tinha de tomar conta do seu gatinho. Como é óbvio, as pessoas afeiçoaram-se ao seu gato, cada um falava do seu gato durante as reuniões, etc.. E, no fim do estágio, o director do estágio deu a todos a ordem de… matar o seu gato. (...) O estágio era para aprender a ser impiedoso, uma aprendizagem do assédio."

"Temos de aprender a pensar o trabalho colectivo, de desenvolver métodos para o analisar, avaliar – para o cultivar. A riqueza do trabalho está aí, no trabalho colectivo como cooperação, como maneira de viver juntos. Se conseguirmos salvar isso no trabalho, ficamos com o melhor, aprendemos a respeitar os outros, a evitar a violência, aprendemos a falar, a defender o nosso ponto de vista e a ouvir o dos outros."

"O mundo do trabalho no Japão é alucinante. Há raparigas que entram nas fábricas de electrónica, por exemplo, e que são utilizadas entre os 18 e os 21 anos – porque aos 21 anos, já não conseguem aguentar as cadências de trabalho.As famílias confiam-nas às empresas por esses três anos, durante os quais elas se entregam de corpo e alma ao trabalho. E nalguns casos, a empresa compromete-se a casar a rapariga no fim dos três anos. É mesmo um sistema totalitário. E mais: essas jovens trabalham 12 a 14 horas por dia e depois vão para uns dormitórios onde há uma série de gavetões – cada um com cama e um colchão –, deitam-se na cama e fecha-se o gavetão. Dormem assim, empilhadas em gavetões. Três anos… em gavetões… é preciso ver para crer."

"Uma empresa que defendesse os princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade conseguiria sobreviver no actual contexto de mercado? Hoje, estou em condições de responder pela afirmativa, porque tenho trabalhado com algumas empresas assim. Ao contrário do que se pensa, certas empresas e alguns patrões não participam do cinismo geral e pensam que a empresa não é só uma máquina de produzir e de ganhar dinheiro, mas também que há qualquer coisa de nobre na produção, que não pode ser posta de lado. Um exemplo fácil de perceber são os serviços públicos, cuja ética é permitir que os pobres sejam tão bem servidos como os ricos – que tenham aquecimento, telefone, electricidade. É possível, portanto, trabalhar no sentido da igualdade."

"E, entre os empresários, há pessoas assim – não muitas, mas há. Pessoas muito instruídas que respeitam esse aspecto nobre. E, na sequência das histórias de suicídios, alguns desses empresários vieram ter comigo porque queriam repensar a avaliação do desempenho. Comecei a trabalhar com eles e está a dar resultados positivos.(...) Abandonaram a avaliação individual – aliás, esses patrões estavam totalmente fartos dela. Durante um encontro que tive com o presidente de uma das empresas, ele confessou-me, após um longo momento de reflexão, que o que mais odiava no seu trabalho era ter de fazer a avaliação dos seus subordinados e que essa era a altura mais infernal do ano. Surpreendente, não? E a razão que me deu foi que a avaliação individual não ajuda a resolver os problemas da empresa. Pelo contrário, agrava as coisas. (...)pensar em termos de convivialidade faz melhorar a qualidade da produção e fará com que a empresa seja escolhida pelos clientes face a outras do mesmo ramo. Para o conseguir, foi preciso que existisse cooperação dentro da empresa, sinergias entre as pessoas e que os pontos de vista contraditórios pudessem ser discutidos. E isso só é possível num ambiente de confiança mútua, de lealdade, onde ninguém tem medo de arriscar falar alto. Se conseguirmos mostrar cientificamente, numa ou duas empresas com grande visibilidade, que este tipo de organização do trabalho funciona, teremos dado um grande passo em frente."

*Excertos da entrevista de Christophe Dejours ao Público.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Algumas considerações acerca do individualismo...

É recorrente ouvir críticas inflamadas à nossa sociedade individualista, consumista, egoísta, entre outras coisas.
É importante entender o que é o individualismo e perceber o seu papel como ideologia e de que forma está ligado à forma como concebemos os problemas sociais.

O individualismo é um dos pressupostos do liberalismo, uma teoria com cariz emancipatório que pretendia libertar o génio humano e a vontade do indivíduo das amarras colectivas que o restringiam. Esteve por detrás, por exemplo, da Revolução Francesa, do Iluminismo, da ascensão da democracia, da declaração dos Direitos do Homem.

Mas como qualquer ideologia, por melhor intenção que tenha, pode divagar. E o individualismo tende para o egoísmo por uma série de processos sociais, ainda que liberais convictos, como Hayek, recusem a comparação entre individualismo e egoísmo.

Ao pôr ênfase no valor do individuo e esquecendo a sociedade (Margaret Thatcher, uma iminente líder política neoliberal, primeira-ministra de Inglaterra no início dos anos 80, considerava que a sociedade não existia como entidade real, mas apenas o indivíduo, e no máximo, a família.), com todos os seus condicionalismos, põe também a explicação dos factos nos actos dos individuos em si. Cada um é responsável por si próprio e cada um procurando o seu próprio interesse deverá levar todos ao bem comum (princípio básico do liberalismo económico iniciado com Adam Smith).

Esquecendo os condicionalismos sociais, esquecem que a sociedade é feita de influências, ou seja, relações de poder que minam uma verdadeira concorrência e que impedem que a redistribuição de gratificações sociais seja injusta - a meritocracia não passa de uma miragem.

São mecanismos sociais que impedem que os melhores estejam no topo, mas sim, os que melhor se adaptam ao sistema implantado - a "cunha" ou o "tacho" são o exemplo típico, mas diferentes meios de progressão na educação, por exemplo, é um poderoso meio de impedir a mobilidade social, existindo então uma míriade de mecanismos de reprodução social que tendem a manter sempre os mesmos no topo e na base. Aliás, grande parte dos estudos feitos confirma isso mesmo, a ascensão social é, quase sempre de curto alcance e a ascensão de longo alcance é residual.

Assim, a nossa conclusão é que o individualismo é irreal já que, não existem sistemas isolados na sociedade - a palavra de ordem é interdepêndencia.

A consicência dos condicionalismos sociais leva-nos a entender que ninguém é completamente responsável por si próprio nem por aquilo que o rodeia. Somos antes condicionados pela familia e os valores incutidos por esta, pela comunidade, pela educação, pelas experiências de vida.

A percepção da sociedade de que ela própria cria desequilibrios entre os seus membros deve criar também em si a necessidade de colmatar as falhas através de um contrato social - os individuos unirem-se para promoverem a segurança de todos dentro da própria sociedade.

Assim, as respostas para a pobreza, devem ser sociais, incidir na capacidade que a sociedade tem para corrigir os seus próprios desequilibrios. E isto não através de um governo distante, mas de braço dado com o aprofundamento da democracia, com um reforço da representatividade e da participação da sociedade civil.

Políticas públicas de emprego, de inserção ou de formação são, neste âmbito, políticas a seguir...

Interrogação

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

Camilo Pessanha

Sou simplesmente o produto do meio em que fui criado*

«Dêem-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e um ambiente para criá-las que eu próprio especificarei, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas ao acaso, prepará-la-ei para tornar-se qualquer tipo de especialista que eu seleccione — um médico, advogado, artista, comerciante e, sim, até um pedinte e ladrão, independentemente dos seus talentos, pendores, tendências, aptidões, vocações e raça dos seus ancestrais».
*António Aleixo

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"O ser capaz de viver isoladamente ou é um Deus ou é uma besta, mas não um ser humano"*

"Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente social, visto que aquilo que consideramos ser próprio deles, como o riso ou o sorriso, jamais ilumina o rosto das crianças isoladas."

Lucien Malson, "Les Enfants Sauvages"

Na Índia, descobriram-se, em 1920, duas meninas - Amala e Kamala – que viviam numa família de lobos. A primeira, a mais nova, morreu um ano depois; a segunda, Kamala, que deveria ter uns oito anos, viveu até fins de 1929.
Segundo a descrição de quem as recolheu, elas nada tinham de humano, e o seu comportamento era exactamente semelhante ao dos pequenos lobos, seus irmãos: incapazes de permanecerem de pé caminhavam a quatro patas, apoiadas nos cotovelos e nos joelhos para percorrem pequenos trajectos e apoiadas nas mãos e nos pés, quando o trajecto era longo e rápido; apenas se alimentavam de carne fresca ou putrefacta comiam e bebiam como os animais. Passavam o dia escondidas e prostradas, à sombra; de noite, pelo contrário, eram activas e davam saltos, tentavam fugir e uivavam, realmente, como os lobos. Nunca choravam ou riam, característica que se encontra em todas as crianças-selvagens.

Reintegrada na sociedade dos homens onde viveu oito anos, Kamala humaniza-se lentamente, mas, sem nunca recuperar o atraso: passaram seis anos antes de conseguir caminhar na posição erecta. Na altura da morte apenas dispõe de umas cinquenta palavras. Contudo, se esses progressos são lentos, são também contínuos e realizam-se simultaneamente em todos os sectores da sua personalidade. Surgem atitudes afectivas: Kamala chora, pela primeira vez, quando morre a irmã, torna-se, pouco a pouco, capaz de sentir afeições pelas pessoas que cuidam dela; sorri quando lhe falam. A sua inteligência desperta também; consegue comunicar com as outras pessoas, por meio de gestos, gradualmente reforçados com algumas palavras simples de um vocabulário rudimentar; consegue compreender e executar ordens simples, etc.
No entanto, Kamala seis anos depois de ser encontrada, não tomava qualquer iniciativa de contacto, nunca utilizava espontaneamente as palavras que aprendera e, especialmente, mergulhava numa atitude de total indiferença mal as pessoas deixavam de a solicitar.

(Adaptado)REYMOND-RIVER, O Desenvolvimento Social da Criança e do Adolescente, Ed. Aster.
*Aristóteles

it's just diferent