segunda-feira, 31 de maio de 2010

Destino*


Quem disse à estrela o caminho

Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta «Floresce!»
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?

Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai! não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

*Almeida Garrett

sexta-feira, 28 de maio de 2010

As probabilidades estão do lado de Darwin...

Juventude alcoólica*

"Todos os que passaram pela adolescência sabem que é uma época um bocado parva da vida. As certezas absolutas de tudo, a impaciência com os mais novos,mais velhos e os da mesma idade, e a revolta de ainda não ser adulto para poder fazer o que muito bem quer são algumas das características de um adolescente típico. Aos 16 anos quase tudo é um problema sem solução à vista, e os excessos tomam conta do crescimento, sobretudo numa fase em que tudo é um exagero. Mas há descontrolos mais nocivos que outros. Um estudo da Deco revelou que mais de metade dos jovens entre os 12 e os 15 anos que tentaram comprar bebidas alcoólicas conseguiram fazê-lo, apesar de a lei actual proibir a venda de bebidas alcoólicas a menores de 16 anos. Segundo uma notícia no Público, a Deco esclareceu que “entre 78 cafés e pastelarias, restaurantes de fast food e super e hipermercados visitados, foi mais fácil obter a bebida nestes últimos estabelecimentos”. O estudo é útil, não só porque vem confirmar uma tendência observada em bares de adolescentes, mas também porque aponta outros locais onde as autoridades deverão intervir. A ASAE existe também para fiscalizar os bares onde se vendem “shots” de vodka a rapazes e raparigas que não têm idade para consumir uma única bebida, quanto mais várias. Ainda segundo a mesma notícia, um estudo realizado há três anos pela Universidade Nova de Lisboa para o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) revelava que quase 9% dos adolescentes entre os 16 e os 17 anos consomem cinco bebidas numa única ocasião. O hábito é repetido três a cinco vezes por mês. As consequências do abuso de consumo de álcool na adolescência são muito graves. Cerca de 40% dos jovens que morrem em acidentes de viação apresentavam álcool no sangue. E há outras sequelas. João Goulão, presidente do IDT, alerta para o aparecimento de jovens abaixo dos 30 anos com cirroses. Os adolescentes hoje bebem mais? Como se combate este problema?"

*Crónica de Clara H. Quevedo para o Jornal Metro (28.05.2010)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Jovens portugueses interessam-se pouco por política

Numa sondagem feita a 1.949 pessoas, dos 15 aos 65 anos, realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens da Universidade Católica Portuguesa em 2008, concluiu-se que na faixa etária entre os 18 e os 29 anos:

» 48,2% dos inquiridos afirma interessar-se ‘pouco’ pela política e 22,3 % não se interessa ‘nada’;

» 55,7% dos inquiridos lê a secção de política num jornal ‘menos do que uma vez por semana’ embora 44,1% veja notícias sobre o tema ‘todos os dias’ na TV;

» 26,1% dos inquiridos ‘não acerta’ quando responde à pergunta ‘Quem foi o primeiro presidente eleito depois do 25 de Abril?’;

» 52,1% dos inquiridos ‘não acerta’ quando responde ao ‘Número de Estados da União Europeia’;

» 49,7% dos inquiridos ‘vota sempre’ contra 17,5% que ‘nunca votam’.


inMUNDO UNIVERSITÁRIO

quarta-feira, 26 de maio de 2010

OS JOVENS E A POLÍTICA

Editorial do jornal MUNDO UNIVERSITÁRIO, escrito por Raquel Louçã Silva. Com supressões.

No dia 17 deste mês, o Presidente da República, Cavaco Silva, promulgou a lei que autoriza o casamento entre homossexuais no nosso país. Isto é política!
Pagar menos por um livro? Isso também é política! E mexer os cordelinhos para pagar menos por esse livro é, definitivamente, fazer política.
(...)
Se as sondagens apontam para um afastamento dos jovens da política, ... não quer dizer que @s jovens não se identifiquem com o exercício da política - isso é simplesmente impossível por não haver altura na vida em que o sentimento de inconformismo esteja mais à flor da pele.

O que muitas talvez ainda não tenham percebido a 100% é que não precisam de estar na Assembleia da República ou ser presidente da Junta de Freguesia para fazerem política. O envolvimento numa associação já quer dizer que estão a fazer política porque um pequeno grupo de pessoas é capaz de começar o caminho que altera leis e comportamentos.

À redacção chegou-nos a notícia de que havia aí uma malta a mexer cordelinhos para formar um movimento com vista a trazer o máximo de colegas universitários para os doces meandros do “fazer alguma coisa”. Adorámos!
(...)

terça-feira, 25 de maio de 2010

O que fazer com as salas de aula? Solução: construir bares

Continuação da entrevista de Luís Ricardo Duarte a António Câmara para a revista AULA MAGNA.

A Internet e as novas tecnologias podem mudar a nossa relação com as aulas?
Muito. Num estudo de 1988, promovido pela U-Virginia Tech, Charles W. Steger, o actual presidente da instituição, defendia que as aulas deviam ser excepcionais. E que se devia acabar com o modelo que desde a Idade Média temos vindo a seguir. Mas isso tinha uma consequência: como acabavam as aulas tradicionais, sobravam salas. E o que fazer com elas (porque apesar de tudo era importante que os alunos convivessem com os professores)? Solução: construir bares.



Ter bares em vez de salas aulas?

Exactamente, e com o bom tempo que há em Portugal podemos substituí-las por esplanadas. Aí poderíamos tirar dúvidas e discutir, ter acesso à Internet, sítios para projectar vídeo ou outros suportes. Nesse sentido, a arquitectura pode ter um papel fundamental.

A chave desse espírito universitário é a autonomia?
Só num sistema de marcação de falta é que o estudante não tem autonomia. O importante é criar ambientes universitários terrivelmente excitantes, onde uma pessoa goste de lá estar e no qual sinta que está a crescer. Ou seja, o contrário da experiência óleo de fígado de bacalhau, em que se pensa: tenho de estar aqui porque depois quero um emprego.

É por isso que fala em exploradores por oposição a empregados?
Os alunos têm de se aventurar. Não ficar à espera. Mas não digo exploradores só no sentido de empreendedores. Também podem ser líderes cívicos, artistas, cientistas. Mas têm de ser originais. Provavelmente, nem todos vão conseguir sê-lo. No entanto, uns podem arrastar os outros. Muitos dos ex-alunos do MIT que fundaram empresas contrataram os antigos colegas.

Essa lição, que tem aplicado na Ydreams, já tem consequências na organização dos currículos universitários?
Ainda não transpusemos para a universidade o conhecimento adquirido na nossa empresa. Damos algumas cadeiras, mas pouco mais. Porém, a nossa ideia é essa transposição ter duas dimensões. A primeira, é o currículo escondido. Todas as cadeiras têm de ser permeáveis a um conjunto de conceitos chave. As pessoas têm de saber comunicar, identificar o que é propriedade intelectual ou o valor do que fazem para a economia em geral. A segunda, é a criação de cadeiras específicas, em particular em quatro áreas centrais: a tal propriedade intelectual; o marketing e as relações públicas, de forma a perceber o mundo de hoje dominado pela web e suas regras; os modelos de negócio, para se saber como se ganha dinheiro de uma forma completamente diferente; e, por último, o espírito do «fazer». Como propunha Neil Gershenfeld, do MIT, num dos seus famosos cursos, é preciso ensinar os estudantes a saber fazer quase tudo.

FIM

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"Um professor tem de conhecer todos os estudantes que tem na sala..."

Continuação da entrevista de Luís Ricardo Duarte a António Câmara para a revista AULA MAGNA. Excerto com supressões.

As universidades portuguesas arriscam pouco?
Basicamente, Portugal é um país muito bem comportado. Na investigação, seguimos os líderes mundiais. Na educação, temos um pensamento convencional. Duas perspectivas que não atraem ninguém. Normalmente, as pessoas gostam de locais que se colocam nas zonas limites e pouco exploradas.

Isso quer dizer «ser pioneiro»?
Exactamente. O que significa risco, que é a palavra mais difícil de todas. A maior parte das pessoas não quer assumir riscos, porque levam ao falhanço. Mas não podemos ter medo do falhanço porque é ele que nos leva à diferença. O risco é tudo. Quando estive no MIT foi isso que senti: havia uma licença para o risco. E bem diz o ditado: quem não arrisca não petisca.
(...)

Compara muitas vezes um professor a um treinador. Porquê?
Porque todos os estudantes são diferentes. Ter essa consciência é um cuidado que qualquer pessoa deve ter. Sobretudo com os que ficam para trás ou nas margens. Esses requerem um trabalho individual, como num equipa de desporto. Depois, há os excepcionais, aos quais temos de colocar desafios. Daí que um professor tenha de conhecer todos os estudantes que tem na sala de aula, como pensam, quais as suas capacidades e, com esse conhecimento, tirar o melhor deles. Porém, não se consegue atingir essa meta com um sistema baseado em exames. É um tipo de ensino impessoal, em que apenas se vai às aulas, nunca se conhece os professores e depois tem-se um exame que nos filtra. Quando se passa, é-se bom, caso contrário, é-se mau. É uma visão patética. O que mais me entristece na sociedade portuguesa é só se associar o rigor no ensino aos exames. Só há uma palavra para definir isso: imbecilidade. São pessoas que não percebem nada de educação.

Nos seus textos autobiográficos fala com prazer do seu absentismo, do tempo dedicado a ler, a ir ao cinema e a conviver.
Foi o melhor que me aconteceu. Se tivesse ido durante cinco anos às aulas do ISTécnico da U-Técnica de Lisboa acho que teria tido uma vida miserável, naquela altura e depois. Hoje em dia orgulho-me todos os dias da decisão de ter estudado de uma forma diferente. Porque mesmo sem ir às aulas, eu estudava e trabalhava ao mesmo tempo, só que aquele tipo de ensino não era nada entusiasmante. Um teórico americano afirmava que a realidade não enganava. Se olharmos para as nossas universidades, constatamos que os estudantes não vão às aulas. Algum motivo devem ter. Não é por serem mandriões. Eu próprio não era mandrião. O problema, pareceme, está muito mais na oferta do que na procura.

CONTINUA...

domingo, 23 de maio de 2010

"Salas de aula transformadas em bares..."

Excerto com supressões da revista AULA MAGNA.
Entrevista de Luís Ricardo Duarte a António Câmara.
Salas de aulas transformadas em bares, alunos que são empreendedores e líderes da sua geração. No futuro, garante António Câmara, professor da F-Ciências e Tecnologia da U-Nova de Lisboa, o ensino superior será o centro das novas indústrias. Arrojadas e originais. Mas para isso as universidades e os institutos politécnicos têm de se afirmar enquanto territórios de fronteira e espaços em que se dá liberdade ao erro. E o risco é a palavra chave para se encontrar novos e diferentes horizontes. (...)

Lendo os seus livros (o Futuro Inventa-se e Voando com os pés na terra - dois livros de ensaios) , uma ideia parece ressaltar: o ensino superior pode ser um motor da sociedade.

A universidade é, de facto, um motor da sociedade. E um estudo recente de Massachusetts aponta nesse sentido. Alguns investigadores procuraram saber quais os principais motores da economia naquele estado norte-americano e chegaram à conclusão de que são dois: os hospitais e as universidades (em Portugal, o cenário não é diferente). A importância dos hospitais, tanto social, como economicamente, é fácil de entender. Mas foi das universidades que saíram as pessoas que fundaram as grandes empresas mundiais. Neste contexto, tiveram especial importância instituições como Stanford, Cambridge e o MIT [Massachusetts Institute of Technology], precisamente porque definiram como prioridade a criação de novas indústrias. Tenho a certeza de que será a partir das universidades portuguesas que se operará uma mudança na economia nacional.

Como é que isso será possível?
Seguindo o conselho que o director do Economist deixou quando nos visitou há dois anos: promovendo uma universidade de classe mundial. É o que faz a diferença. Mas não é só neste domínio. Acabo de regressar de uma iniciativa desportiva, em Portimão, em que o meu filho participou. Também ali, no basquetebol juvenil, se via claramente que quem tem boas escolas ganha, que não as tem, perde. Hoje em dia, a economia é como a alta competição: com boas escolas vence-se, com más é-se um país de terceira.

Concretamente, o que pode ser feito nesse sentido?
A fórmula é sempre igual: temos de ter os melhores professores que é possível contratar.
As melhores universidades vão ser as que recrutarem os melhores professores. Exactamente como o desporto, em que impera a lógica das contratações. Portugal tem de seguir esse caminho, o que já foi fácil, mas neste momento não é.

Há poucos atractivos na carreira universitária?
Sob todos os pontos de vista, incluindo a nível salarial, área em que as discrepâncias são enormes. Temos de atrair pessoas a nível internacional. O exemplo a seguir é o da F-Economia da U-Nova de Lisboa, que neste momento tem professores provenientes de mais de dez países. O que só é possível porque, apesar de tudo, Portugal é atractivo.

Sim, o clima é muito elogiado no meio académico internacional...
Mas não só... As melhores universidades têm bons alunos e algumas já estão razoavelmente equipadas, daí que as diferenças em relação ao que se vê no estrangeiro sejam cada vez menores. Mas o que distinguiu os Estados Unidos da América foi a aposta na fronteira e não no bom comportamento.

CONTINUA...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Romance do Homem da Boca Fechada

- Quem é esse homem sombrio
Duro rosto, claro olhar,
Que cerra os dentes e a boca
Como quem não quer falar?
– Esse é o Jaime Rebelo,
Pescador, homem do mar,
Se quisesse abrir a boca,
Tinha muito que contar.


Ora ouvireis, camaradas,
Uma história de pasmar.


Passava já de ano e dia
E outro vinha de passar,
E o Rebelo não cansava
De dar guerra ao Salazar.
De dia tinha o mar alto,
De noite, luta bravia,
Pois só ama a Liberdade,
Quem dá guerra à tirania.
Passava já de ano e dia…
Mas um dia, por traição,
Caiu nas mãos dos esbirros
E foi levado à prisão.


Algemas de aço nos pulsos,
Vá de insultos ao entrar,
Palavra puxa palavra,
Começaram de falar
- Quanto sabes, seja a bem,
Seja a mal, hás de contá-lo,
- Não sou traidor, nem perjuro;
Sou homem de fé: não falo!
- Fala: ou terás o degredo,
Ou morte a fio de espada.
- Mais vale morrer com honra,
Do que vida deshonrada!


- A ver se falas ou não,
Quando posto na tortura.
- Que importam duros tormentos,
Quando a vontade é mais dura?!


Geme o peso atado ao potro
Já tinha o corpo a sangrar,
Já tinha os membros torcidos
E os tormentos a apertar,
Então o Jaime Rebelo,
Louco de dor, a arquejar,
Juntou as últimas forças
Para não ter que falar.
- Antes que fale emudeça! -
Pôs-se a gritar com voz rouca,
E, cerce, duma dentada,
Cortou a língua na boca.


A turba vil dos esbirros
Ficou na frente, assombrada,
Já da boca não saia
Mais que espuma ensanguentada!


Salazar, cuidas que o Povo
Te suporta, quando cala?
Ninguém te condena mais
Que aquela boca sem fala!


Fantasma da sua dor,
Ainda hoje custa a vê-lo;
A angústia daquelas horas
Não deixa o Jaime Rebelo.
Pescador que se fez homem
Ao vento livre do Mar,
Traz sempre aquela visão
Na sombra dura do olhar,
Sempre de boca apertada,
Como quem não quer falar.


Jaime Cortesão

quarta-feira, 19 de maio de 2010

"Aprender no bar e curtir nas aulas?"

Será um lema de algum estudante a trabalhar num bar em part time? Não. É uma ideia de um professor catedrático vencedor do Prémio Pessoa e fundador de uma das mais reputadas empresas nacionais, a YDreams. (...)
A ideia de que estudar só pode ser um prazer ou, então, não faz sentido não é nova, mas parece que custa a entrar. Parece que sobrevive ainda a ideia de que o saber é algo de chato e que o bar é o lugar da pura desbunda em que os estudantes fogem da seca das aulas. Talvez ainda haja demasiados estudantes em Portugal que estão a estudar o que os papás quiseram e não o que eles queriam. Talvez ainda haja demasiados estudantes a tirar um canudo em vez de aprenderem o que gostam.
«Devíamos apostar no conhecimento ou na riqueza?» António Câmara, no seu livro Voando com os pés na terra, explica como esta questão esteve em discussão em 1548. Diz ele: «A maioria inclinou-se para a riqueza e os resultados são conhecidos». Dizemos nós que Portugal, na sua sede de riqueza, nos séculos seguintes, conseguiu transformar-se num dos países mais pobres da Europa. Faltou o conhecimento.
Assim, da mesma forma que as pessoas que apostam em cursos de que não gostam hão de ser maus profissionais, também os países que encararam as universidades e o saber como um luxo em que é preciso poupar se têm mantido subdesenvolvidos. Afinal, aprender no bar e curtir nas aulas será irresponsável? Ou não serão os marrões e os poupadinhos da educação os irresponsáveis? Certo é que não faltam estudantes com criatividade. (...) conseguimos encontrar estudantes empreendedores, músicos e poetas.
Onde estão as universidades e os politécnicos para realizarem todo esse potencial?


Editorial da revista AULA MAGNA (com supressões)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Vómitos...

É A DITADURA DE UMA ESQUERDA CAVIAR': Isilda Pegado Presidente da Federação Pela Vida reage à promulgação dos casamentos homossexuais

Correio da Manhã – Como comenta o facto de o Presidente da República ter promulgado o diploma que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo?

Isilda Pegado – Lamento. Sinto uma tristeza profunda pela aprovação de uma política desta natureza que vai contra a vontade de muitos portugueses. É uma verdadeira ditadura de uma esquerda caviar e de um Governo que usa esta forma para assumir um compromisso com o eleitorado que o elegeu.

– O que é que a fazia acreditar que o Presidente da República teria outra posição?

– Acreditei até ao momento em que ouvi. O veto seria uma decisão democrática. O Presidente não ouviu os portugueses. Não ouviu a sociedade que governa. Ignorou a opinião dos portugueses.

– Mas não será mais democrático atribuir direitos às pessoas?

– Já o disse várias vezes. Essa minoria já tinha direitos. Tinha o direito de viver como outras pessoas, nas suas circunstâncias física e psíquica próprias do homossexual.

– O Presidente da República deixou claro que ao vetar só estaria a prolongar o debate e que, ao devolver o diploma, os partidos iriam aprová-lo na mesma. E lamentou que a união se chamasse casamento. Não concorda que o desfecho seria o mesmo?

– Os portugueses continuarão divididos. Muitos são os que não concordam com os casamentos homossexuais. Se foi a olhar a votos, vai ter um desencanto.

– Que consequências prevê com a aprovação deste diploma?

– Muitas. Terá graves consequências ao nível dos valores da nossa sociedade, da educação dos jovens e principalmente económicas.

– Económicas em que sentido?

– Quem é que trata destas pessoas na velhice? Não têm filhos, nem podem ter netos. Também têm direito a ser tratados, logo, vai sobrar para todos nós. Vai sobrar para os contribuintes.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Histórias da carochinha...(2)

Esta é da autoria de João César das Neves. Como eu adoro falar desta personagem...para os que acham estranho eu explico o porquê de eu falar tanto nele:

Primeiro, é economista e provavelmente, dos economistas com mais espaço de opinião na comunicação social. Segundo, porque se interessa muito por religião. Ora, eu sou estudante de economia e também me interesso muito por religião. No entanto, deve ser difícil duas pessoas com interesses idênticos terem tantas divergências de opinião como as que eu tenho com JCN. Ele é conservador na economia e conservador na religião, eu sou progressista em ambas o que implica que, se um tiver certo nalguma coisa, o outro está errado em tudo...

Bem, não era disto que queria falar, venha a história da carocinha.

Nestas histórias cada um diz o que quer como já expliquei no texto anterior. Agora temos uma história de Natal:

«

Adormeci e no meu sonho vi- -me num grande campo com uma multidão incontável. Um enorme cartaz mesmo em frente dizia "Parada das religiões". De facto, tudo parecia orientado para um cortejo imenso que percorria uma estrada no meio do campo. Toda aquela gente, que compreendi ser a humanidade inteira, se amontoava dos dois lados do caminho, vendo avançar os carros referentes a cada crença.

Quando consegui chegar à primeira linha passava uma enorme plataforma sobre rodas levando uma gigantesca estátua de Buda. À volta do carro viam-se monges vestidos de açafrão que entoavam cânticos. A seguir, carros mais pequenos levavam símbolos budistas. Muitos espectadores saudavam a passagem inclinando o corpo, cantando e queimando incenso.

Os carros seguintes tinham símbolos estranhos que não consegui identificar. A aparência dos acompanhantes também não esclarecia, pois iam de fato e gravata. Só quando reparei nos aventais percebi que era a Maçonaria. Notei então o esquadro e compasso. Apesar das semelhanças indesmentíveis, a dimensão era inferior à apresentação do budismo mas ainda bastante imponente.

A religião que se seguia era conhecida, pois o cortejo parecia as paradas na Praça Vermelha ou Tiananmen: era o marxismo que passava. Os carros traziam foices e martelos, além de operários, soldados e mísseis. Na audiência, viam-se punhos fechados e ouviram-se palavras de ordem.

Foi então que decidi perguntar aos meus vizinhos quando passaria a minha religião, o cristianismo. Eles desataram a rir. Surpreendido dirigi-me a um velho de barbas brancas que tinha a farda da organização. Ele informou-me que, como o cristianismo era a maior das religiões, tinha a honra de ir à frente, abrindo a parada. Disse-me também que, se eu quisesse, havia ali perto um autocarro especial para levar os interessados a outras zonas do cortejo.

Segui-o e poucos minutos depois estávamos mais adiante no campo, num local onde a multidão ainda esperava. Percebi pelo ruído que algo se aproximava. Quando consegui vislumbrar os contornos do primeiro carro foi com espanto que constatei o que parecia ser um minarete. Não faltou muito para o confirmar que o que se aproximava era a delegação do Islão. Os carros eram ainda maiores e mais imponentes que os que vira antes. O primeiro trazia um enorme livro aberto cheio de caracteres árabes. O segundo era uma mesquita e em volta múltiplos fiéis desfilavam, rezavam e saudavam. O número era incontável.

Olhei com espanto para o velho, mas ele continuou impávido. Só nessa altura reparei que, afinal, esse carro não era o início do cortejo. Mesmo em frente ia algo tão pequeno que passava despercebido: um homem levando um burro com uma mulher em cima e um bebé ao colo. Aquela era a humilde presença do cristianismo.

Apesar de minúscula, essa presença era controversa. Alguém dizia: "E isto não é o pior. Na parada da tarde vem um homem com uma cruz às costas, chicoteado por soldados." À minha volta muitos protestavam contra isso. Que acontecera a toda a riqueza milenar do culto litúrgico, arte sacra, doutrina teológica, caridade cristã? Como os vi a protestar, perguntei se eram protestantes. Alguns disseram que sim, mas a maior parte eram católicos.

Afastei-me confuso. Então o velho explicou-me: "O cristianismo é mesmo só is-to: Cristo que passa. A tua fé é a única que não tem no seu centro livros, cultos, éti- ca, mas uma pessoa, Jesus Cristo. Por isso ser cristão não é, antes de mais, aprender dogmas, rezas, ofertas ou mandamentos, mas viver uma relação pessoal de amizade, contínua e permanente com Alguém. Tudo o resto, e é muito e importante, são apenas ajudas para o essencial. Ele mesmo o disse: ser cristão é nascer de novo (Jo 3, 3). É ser corpo de Cristo (1 Co 12, 27). O cristão vive a vida toda com Cristo e em Cristo, no meio do povo que é a Igre- ja. Muitos cristãos tratam a sua fé como uma religião e vêem o cristianismo como regras, orações, obrigações. Mas a verdade da fé não é fidelidade. É intimidade. Viver sempre na presença de Cristo próximo."»


Obviamente que quem viu a visita Papal da passada semana só pode achar esta história uma anedota...Olha os católicos a não darem nas vistas ãh? Uma manjedoura, uma família simples...

Alguém acredita que a IC, num evento destes, não fizesse uma manjedoura em ouro? Que os bispos fossem atrás com paramentos bordados a ouro e com báculos de prata?

"A tua fé é a única que não tem no centro livros, culto, mas uma pessoa, Jesus Cristo." Claro que sim, mas é Jesus Cristo num crucifixo em ouro e prata, não há cá brincadeiras...Quanto a todas a encíclicas e textos e ordens e directivas da IC para o mundo, não contam...

Quando lanço estas questões quero apenas lembrar uma coisa. A teoria e a prática tem uma grande distância entre si.

Estes textos são idealizações de algo que devia ser a realidade da IC. Caem no erro de o fazer por comparação com outras religiões de forma simplista e sem qualquer rigor.

Neste texto concordo com a visão da IC (ainda concordo algumas vezes com JCN) mas não concordo com a comparação implicita com outras religiões. Depois também sou obrigado a perguntar-me qual a opinião de JCN acerca da manifestação religiosa desta visita papal...

Sou obrigado a dizer que ser cristão como proclama JCN é virar costas à IC...

Há que questionar muita coisa...

Histórias da carochinha...(1)

Não são só os Morangos com Açúcar que influenciam o nosso imaginário e nos educam de uma certa forma, conforme os caprichos dos seus criadores.

Há uma classe de historietas acerca da moral cristã que me interessa aqui analisar através de dois exemplos e que, pela comparação, nos dão imagens bonitas, elaboradamente criadas de forma a transmitir uma ideia do ideal cristão que, tantas vezes não corresponde à realidade das práticas.

Quem inventa diz o que lhe apetece. A diferença entre um artigo que procura fazer pensar sobre o assunto e uma destas historietas é que estas, manifestamente, acentuam ideias pré-fabricadas sem deixarem espaço para o questionamento das mesmas. Quando através dessas histórias se faz uma comparação entre religiões ou pontos de vista, o resultado é tragicamente triste e desolador.

Após o primeiro exemplo, penso que vão perceber...

Trata-se de uma pequena história da qual não conheço o autor e que passo a citar:

«Certo homem caiu num poço e não conseguiu sair de lá de dentro.
Uma pessoa subjectiva veio e disse:
- Sinto muito que estejas aí no fundo do "poço".
Uma pessoa objectiva olhando-o disse:
- Estava mesmo a ver que alguém is cair nesse "poço".
Um fariseu exclamou:
- Só as pessoas más é que caem em "poços".
Confúcio disse:
- Se me tivesses escutado, não estarias agora nesse "poço".
Buda disse:
- O teu "poço" é apenas um estado de espírito!
Mas o realista retorquiu:
- Isto é de facto um "poço".
Um cientista pôs-se a calcular a pressão necessária para tirar o homem de dentro do "poço".
Um geólogo, espreitando para dentro, sugeriu:
- Aí dentro, bem podes apreciar as rochas do "poço".
Um fiscal perguntou-lhe se pagava impostos sobre o poço.
Um inspector da Câmara perguntou-lhe se tinha licença para abrir "poços".
Um indiferente passou, ignorando completamento o assunto.
Um gabarola exclamou:
- Isso não é nada, havias de ver o meu "poço".
O psicólogo aconselhou:
- Tudo o que tens a fazer, é convencer-te de que não estás num "poço".
O optimista advertiu:
- Podia ser pior.
O pessimista retorquiu:
- Cheira-me que as coisas vão piorar.
Por fim, chegou Jesus. Vendo o homem, pegou-lhe pela mão e puxou-o para fora do "poço"!»

O quê?

Vamos lá reformular isto para ficar mais realista: antes de Jesus passou o Papa que disse "O amor a Jesus nosso senhor te salvará do teu poço..."

Com uma pequena história sem qualquer objectividade ou realismo, passa-se uma mensagem: os outros só falam, Jesus faz algo por ti. Neste sentido é interessante o facto de Jesus não estar entre nós fisicamente para o puxar pela mão. Esperava-se dos cristãos que fizessem esse trabalho, pelo que pode vir também um cristão depois do Papa e dizer: "olha, se não fores homossexual nem tiveres praticado o aborto, o amor de Deus tira-te do poço..."

Porque raio o psicólogo não disse antes: "acredita em ti que conseguirás sair do poço sozinho...".

Se fosse um texto feito por um muçulmano não era possível ele pôr que Jesus tinha dito "Bem aventurados os que estão dentro de poços porque deles é o reino das profundezas"?

(Vale a pena ler este artigo do Substância Inerte, tem muito a ver com isto...)

sábado, 15 de maio de 2010

"Lê, e sorri"

Conscientemente escrevo e, consciente,
medito o meu destino.

No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exhumado
da vala do poema.

Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.

António Gedeão, in 'Poemas Póstumos'

...

Nas grandes horas em que a insónia avulta
Como um novo universo doloroso,
E a mente é clara com um ser que insulta
O uso confuso com que o dia é ocioso,

Cismo, embebido em sombras de repouso
Onde habitam fantasmas e a alma é oculta,
Em quanto errei e quanto ou dor ou gozo
Me farão nada, como frase estulta.

Cismo, cheio de nada, e a noite é tudo.
Meu coração, que fala estando mudo,
Repete seu monótono torpor

Na sombra, no delírio da clareza,
E não há Deus, nem ser, nem Natureza
E a própria mágoa melhor fora dor.

Fernando Pessoa


terça-feira, 11 de maio de 2010

Um problema de interacção entre a escola e os meios populares

(...)
"Mas, mesmo quando parece haver alheamento ou desinteresse ostentivo da família em relação à escolaridade dos filhos, o que é que lhe estará na base?
Por um lado, os padrões culturais dessas famílias - os valores e as orientações, as crenças e as disposições, os saberes e as linguagens que constituem a matriz cultural das suas práticas sociais, e na qual as respectivas crianças são socializadas desde que nascem - não estão em geral ajustados aos saberes escolares e às regras de funcionamento da escola, como tendem a estar os padrões culturais das famílias de classes médias e altas. O que gera grande desconhecimento em relação à escola, problemas múltiplos de acesso e de relacionamento, incompreensões sistemáticas, permanentes dificuldades de comunicação.
No entanto, só por caricatura se pode admitir que, nos dias de hoje, as classes populares tenham uma ignorância global e completa a respeito da escola. As famílias de meios populares cujos filhos têm insucesso escolar já passaram elas próprias pela escola, em boa parte dos casos. Seja como for, têm certamente no seu universo de referencias próximas exemplos de situações sociais e de trajectos de vida a que se reportam para fazerem as suas próprias avaliações acerca do que podem valer, para o futuro dos filhos, os conhecimentos aprendidos na escola e os diplomas nela obtidos. Nestas condições, fazem cálculos mais explícitos ou mais implícitos, quanto à utilidade relativa da aposta na escolarização, face a outras possibilidades. A relação com a escola dependerá então, também, dos seus projectos a prazo, mais clara ou mais vagamente formulados, num quadro de condições de existência precárias, que podem levar a optar pela colocação de esforços e recursos (escassos) noutras vias que pareçam mais promissoras do que uma longa escolaridade bem sucedida, sentida coo problemática e improvável.
A questão fica assim recolocada. Não haverá também aqui um problema de interacção entre a escola e os meios populares?"

Sociologia - António Firmino da Costa
Justificar completamente

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mais Alto...

Mais alto, sim! mais alto, mais além
Do sonho, onde morar a dor da vida,
Até sair de mim! Ser a Perdida,
A que se não encontra! Aquela a quem

O mundo não conhece por Alguém!
Ser orgulho, ser águia na subida,
Até chegar a ser, entontecida,
Aquela que sonhou o meu desdém!

Mais alto, sim! Mais alto! A Intangível
Turris Ebúrnea erguida nos espaços,
A rutilante luz dum impossível!

Mais alto, sim! Mais alto! Onde couber
O mal da vida dentro dos meus braços,
Dos meus divinos braços de Mulher!

Florbela Espanca

Jesus: de direita ou de esquerda?

«Determinamos o espaço a partir da nossa posição corporal: lá em cima, lá em baixo, atrás, à frente, à esquerda, à direita.

Porque a maior parte das pessoas tem mais maleabilidade e força na mão direita, a parte direita ficou privilegiada. Deve-se entrar com o pé direito, dá-se a direita à pessoa mais importante, Cristo está sentado à direita de Deus... Justo deve ser o Direito. Antes dos avanços da neurologia, a situação dos esquerdinos não foi feliz. De alguém radicalmente maléfico, diz--se que é uma pessoa sinistra (do latim: mão esquerda). As seguradoras devem tratar dos sinistros.

Em termos escandalosamente genéricos, diria que, em política, a direita andava ligada aos valores ditos tradicionais, como a família, por exemplo, à ordem e ao capitalismo e a esquerda, a valores que se diziam de esquerda, como mais justiça, por exemplo, à revolução e ao socialismo. Hoje, quando impera a lógica aparentemente triunfante do capitalismo neoliberal e do pensamento único e se julga que a história chegou ao fim, sem lugar para mais revoluções, as fronteiras estão muito esbatidas.

E Jesus?

Logo à partida, dão que pensar as razões que o levaram à morte. Morreu como blasfemo, condenado pela classe sacerdotal, e como socialmente perigoso. Foram os interesses de Jerusalém e de Roma em coligação que o crucificaram.

Era um judeu piedoso, mandou rezar e rezava intensamente, em meditação, a Deus seu Pai, mas escalpelizou de modo virulento a beatice hipócrita. "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, sepulcros caiados", etc.

No Reino de Deus, centro da sua mensagem, estavam todos incluídos, mesmo aqueles que a sociedade e a religião excluíam, o que constituiu o mais fundo escândalo. Foi a uma samaritana, mulher, estrangeira, herética, a caminho do sexto marido, que se revelou como Messias, e vários episódios mostram como as mulheres, ao contrário da doutrina oficial, também tinham lugar privilegiado como discípulas. Contra o mau exemplo do sacerdote e do levita, foi também um samaritano que, na parábola, foi próximo do desgraçado que, depois de espancado pelos salteadores, tinha ficado semimorto no caminho.

Por causa da sua abertura ao novo, as crianças, que então não tinham significado social, foram apresentadas como modelo da entrada no Reino de Deus. E ai de quem as escandalizasse: "Mais valia atá--lo à mó de um moinho e lançá-lo ao mar." Logo ao nascer, o primeiro anúncio foi para os mais pobres entre os pobres: os pastores. E veio para Israel e para todos os outros: tal é o sentido da história dos reis magos. A quem se escandalizava por comer com os pecadores públicos lembrou o dito do profeta: "Ide aprender: eu não quero sacrifícios, mas misericórdia."

Mas, neste novo Reino, não vale tudo. Sobre Zaqueu, um desses pecadores, não se diz que tenha mudado de profissão, mas arrependeu-se e disse: "Senhor, vou dar metade dos meus bens aos pobres e a quem roubei vou restituir quatro vezes mais." Declarou mal--aventurados os ricos sem ponta de misericórdia. Lá está a parábola do rico avarento e do pobre Lázaro, que nem às migalhas da mesa tinha direito. O Reino é-o da graça, da misericórdia, mas não pertence ao facilitismo. O perdão requer arrependimento: "Vai em paz, não voltes a pecar", dizia ao pecador/a, e é preciso estar vigilante e pôr os talentos a render.

No fim, o que estará em julgamento é a justiça e o amor: "Destes-me de comer, de beber, de vestir, fostes visitar-me à cadeia e ao hospital." "Sempre que o fizestes a um qualquer foi a mim que o fizestes."

O que é mais: para tratar de seres humanos em dificuldade, transgrediu a lei sagrada do Sábado. "O Sábado é para o homem, não o homem para o Sábado." Afinal, toda a lei, mesmo a lei de Deus, fica subordinada ao bem do homem. No limite, agora, só o homem e a sua dignidade são sagrados.

Neste enquadramento, a pergunta decisiva não é então se Jesus é de direita ou de esquerda, mas quantos católicos tentam ser cristãos.»

Anselmo Borges


Não resisti a pôr este artigo aqui integralmente...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

C.S.I. - Comunicação Social e Igreja

A Igreja Católica parece estar de costas voltadas para a comunicação social. Os media são actualmente vistos como simples meios de luta anti-Igreja, laicismo militante e toda uma série de expressões que vão sendo usadas para os denegrir.

Em causa está o facto de estes meios de comunicação social terem decidido esmiuçar, procurar e revelar de forma exuberante, casos de pedofilia envolvendo membros do clero. A acusação centra-se numa suposta empolação dos números, falta de lucidez na análise, etc...

O que venho aqui lembrar hoje é que, a IC deve lembrar-se que ainda há poucos anos declarava fortemente a importância dos media no testemunho da mensagem cristã. Quem não se lembra da importância dada a estes quando, há 5 anos atrás, o papa João Paulo II morria e era eleito Bento XVI? A exuberância que os media deram aos acontecimentos foi muito apreciada. Falava-se da áurea que JPII transmitia. Um grande comunicador e alguém que sabia cativar as pessoas. Os media eram um instrumento poderoso.

Por isso agora, pede-se à IC que se lembre que em tempos gostaram do show off que os rodeava. Gostavam de câmaras e de empolamento dos feitos supostamente heróicos dos seus membros. Acharam que era bom aparecer. Agora pede-se apenas que tenham humildade para tratar os media de forma racional e não criticá-los e ao seu método ou aproveitá-los e exultá-los conforme dá jeito e ao sabor do leve vento da popularidade...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Mais uma para os amantes dos McA e fãs de parkour...



Importante: ouvir com som bastante alto...

"Elogio da Aprendizagem"

Aprenda o mais simples!
Para aqueles
Cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas
Aprenda!
Não desanime!
Comece! É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!

Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Frequente a escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro:é uma arma.
Você tem que assumir o comando.

Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixe convencer
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada ítem
Pergunte: O que é isso?
Você tem que assumir o comando.

Bertold Brecht