quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mariano Gago desafia os portugueses a estudarem mais


O ministro da Ciência e Tecnologia e do Ensino Superior, Mariano Gago, deixou hoje, no Porto, um desafio ao país: “É preciso estudar mais, é preciso voltar à escola, é preciso saber mais”.

(...)
“Precisamos de conseguir atingir níveis de qualificação em toda a população activa portuguesa, qualquer que seja a sua idade, níveis de qualificação que sejam compatíveis com o desenvolvimentos social e económico e com a produtividade que queremos ter no nosso país”.
(...)
“O número de licenciados em Portugal andará por cerca de um milhão; andará por cerca dos 600 mil aqueles que há mais de 10 anos não entram nas portas de um estabelecimento de ensino superior”, lamentou Gago, aludindo depois às transformações que se verificaram no ensino superior nos últimos anos não só em Portugal, mas também no resto da Europa.
(...)
“Quantos são aqueles que já licenciados, já a trabalhar há vários anos, hoje procuram nas universidades formações pós-graduadas?” Esse número é muito reduzido ainda”. Respondeu.
(...)
Mariano Gago tem a ambição e deixa expressa que o número de licenciados duplique em Portugal, passando de um milhão para os dois milhões como acontece em outros países.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Estão um degrau acima do limiar da pobreza e representam quase um terço da população.


São gente vulgar. Não estão classificados oficialmente como pobres, a maioria ainda não perdeu o emprego, têm filhos a cargo e uma dificuldade comum em conseguir chegar ao fim do mês sem percalços de maior.

Um estudo da Tese - Associação para o Desenvolvimento, que será hoje apresentado em Lisboa, mostra quem são e como vivem estas "famílias-sanduíche" - uma noção aplicada a agregados que beneficiam de "demasiados recursos para aceder a prestações sociais", mas que experimentam particulares dificuldades" em conseguir responder às despesas usuais.

terça-feira, 22 de junho de 2010

"Foram treinados como um cãozinho para um exame"

Um artigo de Romana Borja-Santos para o PÚBLICO, com supressões.

Um meio mais um meio? 27 % dos alunos do Técnico falharam.
Professores alertam que as lacunas que os “caloiros” trazem afectam as licenciaturas. E temem não recuperá-los.

Saber a tabuada de cor, resolver uma equação, fazer contas com parêntesis, calcular uma raiz quadrada à mão, somar fracções ou multiplicar potências são algumas das dificuldades que os estudantes têm a Matemática. No ensino básico ou no ensino secundário? Em ambos, mas não só.

Estamos a falar de um problema que afecta cada vez mais os “caloiros” nas universidades. O PÚBLICO ouviu vários professores universitários portugueses que leccionam cadeiras onde “o bicho-de-sete-cabeças” é central. Confrontam-se, diariamente, com alunos “sem hábitos de trabalho e sem espírito de sacrifício”. E temem os efeitos desta “cultura de facilitismo”.

Contudo, o problema já não é só de conhecimento. Traduz-se no comportamento. Numa aula os alunos não devem colocar os pés na cadeira da frente nem ter bonés. Devem evitar sair durante a aula e é costume colocar o dedo no ar quando querem falar. O uso de telemóveis está proibido. É importante manter um ambiente de trabalho.

É desta forma que os semestres começam nas faculdades, com uma explicação das regras básicas de funcionamento de uma aula – e que têm de ser lembradas ao longo do ano. “Tenho conseguido ser a autoridade dentro da sala mas perco tempo a explicar normas simples e coisas que nem sabem que não devem fazer”, conta Ana Rute Domingos, professora do departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade Lisboa. Com 42 anos e a dar aulas desde 1993, (...) nota que “houve uma grande perda na aplicação de conceitos básicos a novas situações”.

Uma opinião corroborada por Paulo de Carvalho, que lecciona Teoria da Informação e Computação Gráfica na licenciatura em Engenharia Informática na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. “Classifico-os como uma geração wikipedia: satisfazem-se muito facilmente com conhecimentos superficiais”, explica o docente de 42 anos, a dar aulas há 19 anos. “Há ausência de consolidação de conceitos e os alunos estão viciados no uso da calculadora.”

Ana Isabel Filipe, do departamento de Matemática e Aplicações da Escola de Ciências Universidade do Minho, que tem dado cadeiras de Álgebra Linear, Análise Matemática e Cálculo em cursos na área das engenharias, faz uma radiografia: “Os alunos estão dentro de cursos que não gostam. Procuram um curso com empregabilidade e ocupam a vaga de quem até tinha uma nota menor mas tinha gosto. Estão todos fora do sítio”, ...

O Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de Lisboa, não é excepção. Luísa Ribeiro, docente do departamento de Matemática que tem leccionado cadeiras como Cálculo Diferencial e Integral em várias engenharias, admite que os alunos mudaram. Fizeram há uns anos uma prova de aferição para perceberem as suas dificuldades. Uma das perguntas – que servia para “aquecer” – era quanto é um meio mais um meio e a resposta era de escolha múltipla. Cerca de 27 por cento falhou. Em jeito de ironia Luísa Ribeiro, de 53 anos, assume que chegam “infantilizados”, o que não estranha tendo em conta que “até a idade pediátrica foi alargada até aos 18 anos”. “Em algum lado têm de começar a ser responsáveis. Têm uma preparação de uma pessoa de início de secundário ou pior. São ensinados a não pensar e isso em Matemática é desastroso. Foram treinados como um cãozinho para um exame”, diz Luísa Ribeiro.

Na área das Ciências Sociais e Humanas, apesar de a Matemática não ser central, os professores também sentem as diferenças. Oliveira Martins tem leccionado cadeiras de Economia e Métodos Quantitativos na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Aos 43 anos e a dar aulas desde 1997 afirma que “há menos maturidade”. Para o docente do departamento de Ciências da Comunicação os alunos sabem que “há menos probabilidades de conseguirem emprego e não percebem porque é que se devem esforçar”. “Sinto-me um professor de liceu quando o que sempre me atraiu na faculdade foi ensinar e aprender com eles. Perco metade da energia a estabilizar a turma e muito tempo a explicar conceitos como a média, a moda ou o desvio padrão em Métodos Quantitativos ou o conceito de infl ação e de PIB ou como calcular taxas de crescimento em Economia.”

Para estes docentes um dos “culpados” é o (ab)uso da calculadora. “Explico- lhes que não é nenhum oráculo e que a Matemática é simples mas exige trabalho. É preciso treinar o raciocínio abstracto e a verdade é que já nem sabem somar fracções, multiplicar potências...”, prossegue Luísa Ribeiro, que critica o facto de “tudo se fazer para ter estatísticas de sucesso sem nunca definir o que é sucesso”.

Ana Rute Domingos também sublinha que ao disseminar-se a ideia de que o ensino tem de ser muito divertido esqueceu-se a importância, por exemplo, da memorização. “Tenho muitos alunos que não sabem a tabuada e que ainda contam pelos dedos ou que nem sabem a fórmula resolvente.” Para colmatar estas falhas, desde 2007 que a docente e a sua faculdade organizam, antes no início do novo ano lectivo, um curso de Matemática para quem quer entrar em licenciaturas onde esta é central. Este ano o projecto "Matemática em Setembro" terá lugar de 2 a 10 de Setembro e acolherá, além de alunos pré-universitários, estudantes de 11.º ano que se queiram preparar para o 12.º. Têm a oportunidade de utilizar uma forma mais lúdica para demonstrar que “a Matemática está em tudo o que fazemos no dia-a-dia”. Ressalva, no entanto, que os alunos de hoje não são menos inteligentes, “não se trabalha é o que têm”.

Um factor que Paulo de Carvalho também não coloca em causa. “Os alunos são igualmente inteligentes. A formação é que é o problema. Na década de 1990 instalou-se a ideia romântica de que a aprendizagem tem de dar prazer e isso não é uma verdade absoluta. Vivemos um problema de inteligência pública”, defende. “Na entrada na universidade passou a privilegiar-se a nota em vez do saber. Na Matemática não pode haver facilitismo. A Matemática exige treino com lápis e papel”, acrescenta Ana Isabel Filipe. “As pessoas são inteligentes mas acomodam-se. Se é para resolver apenas os problemas postos pelos outros não é preciso ser-se engenheiro”, completa Luísa Ribeiro. “Criou-se a ideia de que a aprendizagem não é dolorosa. Há um culto do facilitismo e de desvalorizar o conhecimento que se acentuou com os cursos de três anos”, conclui Oliveira Martins.


Ver artigo integral aqui.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).

Álvaro de Campos

sexta-feira, 18 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO 1922 - 2010

José Saramago morreu hoje, aos 87 anos, será recordado como...

Algumas obras deste escritor universal:

  • "Leventado do Chão";
  • "Memorial do Convento";
  • "O Ano da Morte de Ricardo Reis";
  • "A Jangada de Pedra";
  • "História do cerco de Lisboa";
  • "Evangelho Segundo Jesus Cristo";
  • "Pequenas Memórias";
  • "Ensaio sobre a cegueira";
  • "Todos os nomes";
  • "Caim"...

Vale a pena dedicar-se à leitura!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Alunos de qualquer coisa...

Reparem porque a iniciativa dos tais "alunos do liberalismo" me deixa algumas reservas em relação ao que se trata realmente...

Para quem não estiver dentro do assunto, fica um resumo:

"Membros do blogue Alunos do Liberalismo (http://alunosdoliberalismo.blogs.sapo.pt/) deram esta madrugada a sede lisboeta do PSD como vendida. No palacete da Rua de São Caetano à Lapa colocaram um cartaz a imitar os das agências imobiliárias com a palavra “vendido” e com uma foto dos ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que teria sido o responsável pela venda."

Ora, no dito blogue, encontrei isto:

"Gostei particularmente de um comentário, que li no i, que dizia algo do género "são bons os miúdos, agem!! Não escrevem apenas meia dúzia de palavras no blog...".

Bem, o agir é de facto algo que falta a qualquer português: maldizer, reclamar, resmungar, aderir a manifestações idiotas levadas a cabo por sindicatos doentios são actos que fazem parte do quotidiano em Portugal."


Ora, pôr um cartaz com a palavra vendido na sede do PSD chama-se agir, mas participar em manifestações com 300 mil pessoas a exigir um novo rumo da governação chama-se estar parado?

Com esta brincadeira mostram a sua verdadeira face e mostram que a escola que têm é a mesma dos do 31 da Armada e a conhecida história da bandeira monárquica, e essas pessoas, eu já sei muito bem de que tipo são...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

"Adolescência É o cérebro, estúpido!"

Artigo de Ana Gerschenfeld para o jornal "Público", com supressões.

(...) Com a puberdade ... A personalidade pode mudar radicalmente...
Passam [adolescentes] horas frente à televisão a ver séries de inteligência duvidosa, fechados no quarto a ouvir música, a trocar mensagens cheias de interjeições e símbolos esquisitos com os amigos no Messenger, horas em cochichos e risinhos ao telefone, (...)

Os pais, esses, não passam de uns marcianos que andam lá pela casa, cuja função se resume a garantir que há comida no prato à hora das refeições, ...
As únicas coisas que parecem existir são o seu grupo de amigos e o seu espaço pessoal e secreto. Por vezes, contudo, imprevisível e incompreensivelmente, ficam ternurentos durante uns curtos instantes - com os pais, com os irmãos mais novos. Mas isso depressa lhes passa. (...)
... Por vezes, as coisas correm melhor - sem problemas de maior na escola e na vida social e sem atritos familiares. Mas outras vezes também correm muito pior, com os jovens a adoptar comportamentos de alto risco, como o abuso de drogas e/ou álcool, as relações sexuais desprotegidas, as corridas de automóveis ou de motas a alta velocidade pelas estradas fora. A adolescência pode também acompanhar-se, nalguns casos particularmente extremos, de doença mental - e até conduzir ao suicídio.

"A muitos títulos, a adolescência é a altura mais saudável da vida", escrevia há uns meses Jay Giedd, psiquiatra de crianças e adolescentesdos National Institutes of Health norte-americanos e perito mundial da visualização do cérebro, no site da Dana Foundation, organização filantrópica de apoio à investigação do cérebro.
"O sistema imunitário, a resistência ao cancro, a tolerância ao calor e ao frio e várias outras variáveis estão no seu auge. Porém, apesar dessa força física, a doença e a mortalidade aumentam 200 a 300 por cento [na adolescência]. (...) Para perceber este paradoxo de um corpo saudável associado a um cérebro [programado] para correr riscos, é preciso conhecer melhor a maneira como o cérebro se modifica durante este período da vida."

Um cérebro diferente
(...)
Quando, há uns anos, se tornou possível visualizar o cérebro humano em acção, ao vivo e em directo, ... descobriu-se que a adolescência correspondia a um período de autêntica "tempestade cerebral" - a expressão é do cientista francês Jean-Pierre Changeux, autor do livro O Homem Neuronal (Ed. Dom Quixote, 1991) ...

... Tom Insel, director dos National Institutes of Mental Health norte-americanos, tinha caricaturado umas semanas antes a situação dos adolescentes dizendo que o seu cérebro "se desligava" na puberdade para se tornar a ligar, "não se sabe bem porquê, por volta dos 18 anos". Mas tanto Insel como os muitos especialistas que se têm dedicado a estudar a questão já fazem uma boa ideia do que poderá estar a "ligar" e a "desligar" o cérebro adolescente.

(...)
"O volume de matéria cinzenta do cérebro tende a diminuir a partir da puberdade (ou mesmo antes, dependendo da região cerebral em causa) até aos 20 ou 30 anos", diz-nos, numa conversa por e-mail, Sarah-Jayne Blakemore, especialista em neurociência cognitiva do University College de Londres. "Portanto, os adolescentes jovens (entre os 10 e os 15 anos de idade) possuem uma maior quantidade de matéria cinzenta, nomeadamente no seu córtex pré-frontal, do que os jovens adultos." O córtex pré-frontal é responsável pela nossa capacidade de estabelecer prioridades, planificar o futuro e organizar as ideias, elaborar estratégias, controlar os impulsos e focar a atenção. Tudo coisas que os adolescentes têm claramente dificuldade em fazer...

(...)

Pensar como adulto
(...)
O nosso cérebro estará assim a afinar as suas redes neuronais - processo que continuará até atingirmos a idade adulta. Também por isso será na altura da adolescência que se decide o nosso futuro intelectual. "Portanto", dizia Giedd numa entrevista à cadeia de televisão pública norte-americana PBS, "se um adolescente está a aprender música ou a fazer desporto ou a estudar, são essas as células e as ligações que vão ficar estabelecidas definitivamente; e se passam o tempo deitados no sofá a jogar jogos de vídeo ou a ver a MTV, serão essas as ligações celulares que irão sobreviver."

(...)

Um número crescente de estudos tem permitido perceber que os adolescentes estão, de facto, biologicamente "programados" para correr riscos, como já anunciaram este ano várias equipas, entre as quais a de Blakemore (na revista Cognitive Development). E também se descobriu recentemente que certas hormonas produzidas pelo organismo agem sobre os neurónios dos adolescentes de forma oposta à que teriam nos neurónios dos adultos, como mostraram em experiências em ratinhos, publicadas na revista Science, Sheryl Smith, da Universidade Estadual de Nova Iorque, e colegas. O que poderia explicar, segundo eles, não apenas as dificuldades de aprendizagem, mas também as súbitas mudanças de humor e os inexplicáveis estados de ansiedade dos adolescentes.

(...)
O artigo integral de Ana Gerschenfeld no jornal Público aqui.
"No Níger, a probabilidade de uma mulher morrer de causas associadas à gravidez ou ao parto ao longo da sua vida é de 1 em cada 7.
Nos países mais ricos, esta proporção é, em média, de 1 em 8000".


Anthony Lake, director executivo da UNICEF, 16-06-2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

"Século XXI será o século de pessoas em fuga"

César das Neves volta ao ataque...

E eu volto à resposta...

"Deste modo, o caso concede autorização aos inimigos da Igreja para insultar alegremente todo o clero, e até a instituição, sem temer resposta. Pior, se alguém disser que assim se conspurca uma multidão de inocentes por causa de um punhado de criminosos, logo se acusa de insensibilidade ao horrível sofrimento das crianças. É espantoso, mas existe mesmo muita gente capaz de retirar consequências para a doutrina e a hierarquia católicas destes poucos e velhos comportamentos aberrantes. Será que também duvidam da educação e medicina por existirem profissionais perversos?"

Reparem do tipo de coisas que este senhor se esquece:

É que os Padres, passam anos e anos a estudar a moral e a ética, são por excelência quem deve saber o que está certo e o que está errado. São pelo menos assim vistos pela maioria das pessoas. Se ele acha que os Padres têm a mesma obrigação moral que os médicos, fico com uma ideia do que este senhor pensa do sacerdócio: é uma profissão como as outras...

Segundo: não percebe a ligação que há entre, Padres pedófilos e Igreja. Para ele, que como Cristão, de certeza que gosta de "malhar" no excesso de individualismo da nossa sociedade, a pedofilia dentro da Igreja é um problema de cada Padre pedófilo individualmente. Se é pedófilo, é porque é o é por si só. Não há qualquer hipótese de desejo sexual reprimido (que não precisa de ser um exclusivo de Padres celibatários) nem de haverem falhas na forma como os Padres chegam a Padres, em seminários afastados do mundo e da realidade...

Não é capaz de entender a Igreja como corpo integrado de indivíduos, que assim formam um sociedade complexa de interligações, de interdependências, de aprendizagens mútuas e experiências mútuas e partilhadas.

Depois volta a achar que os casos são poucos. Fica talvez contente com isso. Eu acho que são demais, acho que os Padres pedófilos não são os únicos culpados e que se deve também culpar a instituição por isso (quando está provado que o comportamento de altas instâncias da instituição não estiveram à altura do problema...).

" Chocados com o comportamento dos colegas, batem no peito e baixam a cabeça. São os únicos profissionais que sofrem vergonha e responsabilidade por actos de outros."

Esta está especialmente boa: confirma-se que então os Padres não passam de profissionais e é isso, são indivíduos sozinhos.

Desta Igreja eu não faço parte...

sábado, 12 de junho de 2010

"Um mal estar relativo às mudanças que acompanham a modernização ou o desenvolvimento...

...conduziu (...) a políticas esquerdistas e direitistas. As primeiras criticam a sociedade existente com base na superioridade de uma crença numa utopia futura, usualmente descrita como mais igualitária, mais democrática ou mais participativa por parte das massas. As dificuldades do presente são atribuidas ao poder explorador de uma classe dirigente dominante que se serve a si mesma. Por outro lado, os direitistas realçam a existência anterior da boa e integrada sociedade que previamente caracterizava a nação. Argumentam que «a corrupção da sociedade contemporânea é o resultado do abandono dos valores e das relações sociais que caracterizavam uma anterior idade de ouro..."

in Seymour, Martin Lipset, 1992, “Revolta contra a modernidade”, in Seymour, Martin Lipset, Consenso e Conflito, Lisboa: Gradiva (pág. 350)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Operação Balão

Foi a 14 de Junho de 1969 que os estudantes de Coimbra desceram à baixa da cidade com balões onde estavam inscritas “frases revolucionárias” que expressavam os motivos da luta dos estudantes e a sua ligação à população.
No largo da Portagem, quando a polícia se preparava para carregar sobre os estudantes, estes largaram os balões que subiram aos céus aos milhares, e, enquanto estudantes e população se misturavam felizes, a polícia ficou sem saber sobre quem carregar…



Na próxima segunda-feira, dia 14, a "Operação Balão" faz 41 anos.


segunda-feira, 7 de junho de 2010

Falas de civilização...

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

Alberto Caeiro

Se, depois de eu morrer...

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza

Alberto Caeiro

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dar a vida...

Ainda há pessoas que arriscam a vida pelos outros. Que deixam o sossego do seu lar e partem rumo ao desconhecido e perigoso para levar ajuda a quem, sem culpa nenhuma das politiquices internacionais, definha e padece com a fome, a doença, a humilhação.

O acto de Israel é terrorismo de Estado sim, é desrespeito pelos direitos humanos, é crime...

As pessoas que morreram merecem ficar na nossa memória e ser homenageadas e, principalmente, imitadas...

Hannah Montana: um estudo*

Esperava-se que a passagem de Miley Cyrus por Portugal estimulasse uma reflexão profunda acerca do fenómeno Hannah Montana. Tal não sucedeu. Não houve um único colunista português que tenha dedicado cinco minutos a pensar na menina de 16 anos que todos os pais de crianças pré-adolescentes desejam que contraia uma amigdalite que a impeça de cantar até 2025. Pois bem, esse silêncio acaba hoje.

Hannah Montana é uma série televisiva cuja protagonista leva uma vida normal durante o dia e, à noite, em segredo, veste uma roupa provocante e sai de casa para ir trabalhar. Esqueci-me de dizer que se trata de uma série infantil. E que a protagonista trabalha à noite como cantora. Os leitores que já se tinham precipitado para o canal Disney devem sentir-se fortemente envergonhados e procurar tratamento.

A série conta a história de Miley Stewart, uma adolescente normal e pacata frequentadora da escola que tem, no entanto, uma identidade secreta: depois das aulas, beneficiando de um astuto disfarce que consiste numa cabeleira loira, encanta o mundo inteiro como Hannah Montana, uma estrela pop de indumentária galdéria. Ou seja, durante o dia é uma vulgar rapariga, durante a noite é uma rapariga vulgar.

Miley Cyrus, a actriz que faz de Miley Stweart e Hannah Montana, acaba de dar, no Rock in Rio, um concerto que, nos primeiros cinco minutos, foi o mais concorrido do festival. O concerto começou às 22h00 e, às 22h05, 70% da plateia já tinha ido para casa fazer ó-ó, pois estava com soninho. Mas Miley bateu, ainda assim, o recorde de assistência, deixando para trás, por exemplo, Elton John. Ambos os artistas vestem lantejoulas, mas o público distingue claramente aquele que prefere.

Mas o mais interessante em Hannah Montana talvez seja o modo como a série contribui para um mundo mais moderno e mais tolerante. Hannah Montana é uma referência e uma inspiração para pais travestis de todo o mundo. "Vês, Pedrinho? O papá é como a Hannah Montana: à noite põe uma peruca loira e passa a ser outra pessoa. Não é decadente, é fofinho. Não é estranho, é Disney." Talvez seja este o fascínio de Hannah Montana: uma estrela que sabe encantar as crianças mas também consegue ser entusiasmar o mundo do transformismo. Não há muitos artistas que se possam gabar do mesmo. E, aqui para nós, ainda bem.


* Crónica de Ricardo Araújo Pereira - Visão

terça-feira, 1 de junho de 2010

Leituras do Dia Mundial da Criança...

Por ocasião do Dia Mundial da Criança, que hoje celebramos, achei interessante convidar alguns amigos para me ajudarem a dar, neste blogue, algumas sugestões de leitura sobre e/ou para crianças.

Aqui ficam as propostas:

O gato Malhado e a andorinha Sinhá
de Jorge Amado; (proposto por mim)
História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar de Luís Sepúlveda; (proposto pela Liliana)
O principezinho de Antoine de Saint-Exupéry; (proposto pela Célia)
O Cavaleiro da Dinamarca de Sophia de Mello Breyner Andresen; (proposto pela Juliana)
A criança que não queria falar de Torey Hayden; (proposto pela Susana)

Boas leituras ;)

No dia delas...