domingo, 29 de maio de 2011

Radicalismo religioso...

O Padre Anselmo Borges vai-se tornando a pessoa que mais gosto de ler sobre a religião e sobre a Igreja Católica em particular. Pelo menos pelo óptimo trabalho que faz a espalhar o pensamento de um dos maiores teólogos vivos, Hans Kung.

Mais um artigo no DN com alguns apontamentos interessantíssimos e que vale mesmo a pena ler e meditar.

Mas aqui, apetece-me por um dos muitos comentários que foram feitos pelos leitores do artigo. Só para quem acha que isso de radicalismo cristão não existe...

""padre" A.B., você e o seu idolo KUNG - que é o seu espelho - estão bem um para o outro.Além de mentiroso, exala continuamente ao enxofre. Com que então KUNG é "um católico convicto"? E claro que você também! E naturalmente a Igreja asistida pelo Espírito Santo ao longo de 2000 anos esteve sempre errada! Claro, agora é que uns iluminados: Congar, Danielou, Rahner, Lubac,... e outrosVocê pode espalhar o veneno que estiver dento do seu coração, mas a vitória está ganha à cerca de 2000 anos por IHS.Sabe que o mentiroso é filho de lúcifer! Pois, você não acredita em demónios - já escreveu sobre essa matéria. E claro, do alto da sua soberba farisaica, não existindo anjos caídos, fica sem necessidade a Redenção por Cristo Jesus. "

quarta-feira, 25 de maio de 2011

domingo, 22 de maio de 2011

E eu? Tenho salvação na Igreja?

Isto porque cada vez mais percebo a razão de tantas vezes me sentir mal na Igreja (instituição, não no edifício). É que ando a concordar demasiado com o teólogo Hans Kung, que pelos vistos, também não se deu muito bem dentro da dita...

Isto tudo a propósito do último artigo de Anselmo Borges no DN.

Fica um passagem:

"Foi por imperativo de consciência que escreveu o livro que acaba de ser publicado: Ist die Kirche noch zu retten? (A Igreja ainda tem salvação?). "Preferiria não ter escrito este livro. Não é agradável dirigir à Igreja, que foi e é a minha, uma publicação tão crítica", mas, "na presente situação, o silêncio seria irresponsável"."

É isso mesmo, o silêncio seria irresponsável, eu sinto cada vez mais que é será também irresponsável o meu silêncio, ainda que preferisse não ter de me manifestar tantas vezes...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Um videoclip fabulosamente estranho!



Créditos completos
Actores:
Carolina Monteiro e Henrique Quintans
Realização: Rui Romão, Tiago Guedes
Director de Fotografia: Rui Romão
Ass. Realização: Luís Lisboa
Ass. Imagem: Ruben Sousa
Rig: Planar
Decoração/Guarda-roupa: Ana Mateus
Montagem: Jerónimo Rocha
Correcção de cor: Paulo Américo
Contabilidade: António Selas
Produção: Andreia Nunes, Frederico Serra
TAKE IT EASY

domingo, 15 de maio de 2011

Andar nas nuvens

Por Palmira Silva no Jugular

Os halos, solares e lunares, são um fenómeno óptico bastante vulgar que ocorre em determinadas condições atmosféricas, mais concretamente, a formação de halos deve-se à difracção (e reflexão) de luz nos minúsculos cristais de gelo existentes nas nuvens que dão pelo nome cirros-estratos.

Os cirros-estratos, nuvens que lembram um véu transparente, formam-se entre 5 e 11 km e portanto o fenómeno pode ocorrer em qualquer ponto do globo, dos pólos ao equador, como confirmaram há uns anos os gaúchos de Rio Grande do Sul.

Por vezes, em latitudes que permitem temperaturas suficientemente baixas, ocorre um fenómeno conhecido como «Pó de diamante», em que os halos são formados por difracção da luz em cristais de gelo formados próximo do solo, tão próximo que o fotógrafo pode «tocar» os raios de luz com as mãos.

Ontem, em Fátima, foi vísivel um destes fenómenos habituais e facilmente explicáveis. Como o dia de ontem em Fátima era dedicado ao mais recente beato católico, o papa João Paulo II, houve imediatamente, como não podia deixar de ser, inúmeras vozes a clamar milagre. Como deveria ser óbvio para todos, media em particular, não houve qualquer suspensão das leis da natureza, por acaso ontem estavam reunidas as condições atmosféricas para o fenómeno, fascinante mas banal, tão banal como outros fenómenos ópticos da atmosfera, o arco-íris ou as auroras, por exemplo.

Tenho uma certa dificuldade em perceber como, no século XXI, se atribui a milagres fenómenos tão corriqueiros como os halos solares - que na maior parte das vezes em que ocorrem passam completamente despercebidos e não dão origem a manchetes como a granizada que se abateu, selectivamente, sobre a região de Lisboa. Aí ninguém gritou milagre ou maldição porque a data não tinha qualquer conotação religiosa. Assim como não percebo porque razão se aceita como milagre fenómenos luminosos e não se espera algo que corresponda de facto a uma suspensão das leis da natureza e, já agora, não fútil. Sei lá, a transmutação da cera das velas do santuário no ouro que nos salvaria da crise ou quejandos.

Como escreve o Carlos Oliveira, «O mundo seria excelente se as pessoas em vez de gritarem “milagre”, tentassem compreender as causas dos fenómenos». A que acrescento que o conhecimento deveria ser a beleza oculta em fenómenos que a todos nos maravilham como sejam as auroras, os halos solares ou o arco-íris. Infelizmente, neste país com uma longa tradição de iliteracia científica, as crendices substituem-se demasiadas vezes ao conhecimento. Talvez por isso, ou melhor, também por isso, estamos como estamos.

Por Palmira Silva no Jugular

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ideias...

Não sei ainda em quem vou votar.

Sei que sou contra a generalidade e principalmente, contra todo o conceito das medidas impostas pela troika FMI-CE-BCE em Portugal.

E nessa linha, irrita-me particularmente um certo discurso público que afirma que há partidos que não apresentam qualquer ideia nem qualquer alternativa para o país. É um discurso que extravasa as fronteiras dos partidos, embora eu considere que existe um que tem sido particularmente afectado por isso. No entanto, em relação a todos os partidos, isso não passa de contra-informação. E mesmo o tal partido que se considera nunca ter propostas credíveis, se esforça (talvez mais que os outros, por apresentar propostas concretas. Ainda para mais quando esse partido é um dos que não aceita as medidas impostas - mais necessidade tem de mostrar alternativa.

E mostra. E é porque na generalidade vou concordando com as suas propostas no campo da economia que hoje aqui apresento um trabalho interessante deste partido.

São 20 dias e 20 propostas para a economia portuguesa.

A primeira está descrita aqui e tem contas, estimativas e explicações que é como se quer uma proposta.

Mas não é a única nem tudo se circunscreve às tais 20 propostas. Muitas estão espalhadas pelo site do partido.

Outro ponto interessante é a criação de uma plataforma online onde podemos, interactivamente, observar os efeitos da implementação de várias medidas para a economia, desemprego ou meta do défice das contas públicas. Chama-se Decisão 2011 e nela também se encontram mais algumas medidas do próprio partido, bem como a comparação com outras medidas da troika ou dos outros partidos. Obviamente, num exercício destes pede-se algum olhar crítico. Daí a nota de pé de página que serve esse mesmo propósito de moderação.

Que o conhecimento das propostas nos elucide sobre o que está em questão, porque só conhecendo podemos votar em consciência. Como se quer numa Democracia - e acho que ainda queremos uma Democracia...

terça-feira, 3 de maio de 2011

É preciso evoluir...

E aqui quero explicar o meu comentário a este post da Soraya.

Todos sabemos que "Hoje em dia estamos rodeados de Ovos Kinder, a bem dizer. Vemos raparigas de mini-saia e decote (umas que mostram o que têm, outras que mostram o que não têm), sempre tão bonitas como um Ovo Kinder… e tão, ou mais, ocas que ele também."

Sabemos que existem "gentinha que faz um blogue só de maquilhagens, de conselhos de beleza, a contar como foi a sua noite de conquistas e bebedeiras"

Todos querem "parecer lindinhos por fora. E por dentro?".

Sabemos que a pequena delira "com os Morangos com Açúcar, porque é tão fixe ser como eles".

E ainda sabemos que "o resultado são um bando de mitras com as calças ao fundo do rabo, sempre acompanhados do seu telemóvel a debitar a alto som musiquinha deplorável."

Ora felizmente, também sabemos que a Soraya, não sendo exemplo para ninguém, se pode orgulhar do facto de a sua adolescência não ter sido construída com base em séries fuleiras.

No seu contacto social, a Soraya apercebeu-se que "No grupo de jovens, na catequese, não dá para discutir um tema mais abrangente e instruído, a não ser com meia dúzia de gatos pingados. Os outros limitam-se a olhar, tipo burros a olhar para um palácio: “Não sei, mas também não é coisa que me deva fazer falta, deixa-me estar calado para parecer menos burro”."

Para concluir, um bravo conselho, de que "que se libertem da simetria. Por amor de Deus, deixem de querer ser iguais aos outros, de imitar tudo o que vêem na tv ou, se resolverem imitar, imitem coisas que realmente valham a pena. Deixem de se alimentar apenas de prazeres momentâneos e encontrem um novo sentido para a vida, encontrem o potencial que têm dentro de vós e que pode ser moldado e transformado em algo de valor."

No seu outro blogue, alguém lhe respondeu ao mesmo post: "Venho felicitar-te por seres das poucas pessoas que tem uma maneira diferente de pensar e querer ser alguém na vida, não sendo igual aos outros." E deixa um link para um forum onde se discute o maior problema dos jovens actualmente com todo o tipo de comentários que se pode imaginar e que nos dá um óptimo exercício de sociologia se o lermos.

Qual é o problema com tudo isto afinal?

É que nunca vão passar desta conversa inconsequente. E não vão passar porque, embora critiquem a falta de interesse dos jovens, embora critiquem as futilidades, os gostos, as influências, etc, etc, etc... Nenhum destes comentadores mostra saber uma pinguinha de história, sociologia, economia ou filosofia para acrescentar ao assunto. Psicologia talvez, porque não há ninguém neste mundo que não pense saber de psicologia, só porque também têm uma cabeça e acham que para conhecer os outros, basta extrapolar a nossa própria experiência.

Soraya, afinal qual é o problema com os Morangos com Açúcar? É fútil? Qual é o mal disso? Porque haveria uma série televisiva não ser fútil se é isso que dá dinheiro? Mas então, porque é que uma estação televisiva se interessa por ganhar dinheiro? É a psicologia? É o Ser Humano que é assim? E os jovens vêem porque são fúteis por natureza?

E as calças a caírem ao cú? Qual é o mal? Já te vi bem mais despida (em bikini, entenda-se...). Qual é o mal? Parece gay? E ser gay é mau? É p'ra conquistar as gajas não é? Porque é que as gajas giras ficam sempre prós mais estúpidos? Já agora, porque é que consideramos alguém estúpido? Qual é o critério?

Pois, concordo contigo que não dá para discutir nada de mais avançado com jovens. Mas o que é que consideras ser mais avançado? Porque é que discutir astrofísica é melhor do que discutir a nova marca de rímel ou de roupa, daquela que também criticas se a astrofísica está lá longe e o rímel e a roupa me podem afectar todos os dias? Mas mesmo que seja melhor discutir astrofísica, não me deixas pista nenhuma sobre como corrigir isso...

Ou melhor, deixas uma pista sim, é o teu conselho. Que se interessem, pois, achas mesmo que o teu conselho serve para alguma coisa se não explicares tudo aquilo que te perguntei até aqui e muitas coisas mais que ainda carecem de explicação?

Pois claro que és diferente, e eu sei-o, como há muita gente que é diferente do geral sem conseguir sequer explicar porque é que ser diferente é uma coisa boa. Mas és diferente e a tua diferença é uma coisa boa. Estou consciente de que quem quer que te conheça sabe que a tua diferença é uma coisa boa sem qualquer explicação para isso. Simplesmente, gostam de ti, de te ouvir, e sentem-se bem com o que dizes, o que fazes e talvez, com a tua presença simplesmente.

No entanto, a tua presença simplesmente não serve como factor de transformação social, o que é, por um lado, uma pena (porque já tínhamos a solução para tudo) mas por outro, uma boa notícia, porque não conseguirias estar em todo o lado ao mesmo tempo. Precisamos de algo mais eficaz.

E do que precisamos é de nos afastar deste ciclo vicioso de perguntas e questões a que te submeti até agora neste post. Entra aqui o conhecimento da história, sociologia ou economia. É um dos factos mais interessantes em todo o discurso de tanta gente que fala neste assunto é que, mostrando-se tão elitista e tão conhecedor, ninguém apresenta um único facto histórico, uma única teoria, uma única explicação sociológica, nada.

Parecem pensar que nunca ninguém pensou no assunto. Que nunca ninguém se debruçou, que nunca ninguém escreveu artigos e livros sobre isto. Na verdade, duvido que algum dos comentadores que falou no fórum acima referido tenha alguma vez lido uma linha de um artigo científico sobre o assunto.

Mas existem abordagens científicas para a questão, por exemplo, aqui.

No fim de tudo isto, o que surge é a necessidade de explicar de forma inequívoca, diria eu, cientificamente, o problema dos jovens e, de seguida, debatê-lo convenientemente.

Uma verdadeira teoria não é algo que se crie de um dia para o outro, infelizmente. Mas podemos fazê-la aos poucos mantendo o rigor necessário.

Assim, podemos partir de factos históricos. Se achamos que os jovens de hoje em dia são diferentes dos de antigamente, temos de definir em quê. Pelas suas atitudes, maneiras de pensar, hábitos, etc... De seguida, temos de perceber o ponto (ou pontos) de viragem em que os jovens se tornam assim. Provavelmente encontraremos um processo mais complexo do que gostaríamos. De seguida teremos de encontrar as causas para que esse processo se tenha accionado (nesta fase já saberemos, em parte, porque é que as séries fúteis são mais vistas). As causas são sempre de diversa índole - económica, sociológica, política, cultural, etc... Tem de haver um rigoroso escrutínio de todas as potenciais causas e tem de haver uma forma rigorosa de ligar a causa ao efeito. Encontraremos então coisas que farão uma luz sobre toda a questão. Modelos políticos que preconizam uma sociedade de seres fúteis e egoístas, teorias económicas que entendem o ser humano como uma mera calculadora que maximiza prazeres e minimiza dores. Encontraremos momentos em que políticos que lutavam por dar emprego ao máximo número de pessoas se começam a interessar por tornar as pessoas dependentes do crédito. Descobrimos porque é que se valoriza tanto o consumo, porque é que ninguém se interessa por política, porque é que existem ricos e pobres, porque é que existem dreads e betos, porque é que as gajas giras ficam sempre para os estúpidos.

Depois há um trabalho mais chato, o de construir a teoria propriamente dita. Exige trabalho mais mecânico e menos teórico. E no fim existe uma teoria pronta para ser escrutinada, que explicará apenas uma parte da realidade mas que poderá enriquecer as outras teorias existentes e que, em conjunto com elas, pode criar uma estrutura científica com mais respostas.

E acima de tudo, é importante ter em conta que este se trata de um único caminho entre muitos possíveis e que não será certamente o melhor, derivado do meu ainda fraco conhecimento nestas matérias. Mas o que tenho a certeza é de que é necessário modelizar o problema. Criar um corpo teórico sério. Sabendo que a teoria por si só não resolve nada, mas sabendo que a prática precisa sempre de uma teoria. Sem essa teoria, a prática acaba por se tornar sempre um conjunto de acções descoordenadas e sem eficácia.

Agora, tendo em conta tudo isto que disse até agora (e podendo vocês não concordar comigo) digam-me, qual é o problema dos jovens actualmente?