sexta-feira, 30 de setembro de 2011
E outras coisas sobre a "geração à rasca"...
Coisas...
IgNobel 2011
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Só mais uma, só mais uma...
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Praxes: socialização ou perversão?
Mais um ano lectivo a começar e, novamente, a questão da praxe vem à baila...
Este texto já tem um ano, mas vale sempre a pena reler....
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Só mais um bocadinho de Tokio Hotel...
Segunda Carta às Esquerdas...
Guerra das estrelas (4)
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Musical fight...(3)
Isto contra aquilo que eu chamaria, um good romance: Mozart, concerto 20 em ré, K466, segundo movimento, o romance. Interpretado por Friedrich Gulda com a Munich Philharmonic Orchestra.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Musical fight...(2)
Musical fight...
Para me poderem ajudar nesta tarefa vou por nos próximos dias um conjunto de posts com músicas retiradas do youtube que expressam possíveis dicotomias musicais. Comentem o que acham diferente em cada par de músicas para podermos estabelecer uma ligação com a política em cada uma delas.
Para começar, o êxito Baby do artista do momento, Justin Bieber, com 625078063 visualizações no youtube, contra uma música metal chamada Another Day da principal banda de Metal Progressivo mundial, os Dream Theater, com um total de 847124 visualizações.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Caridade ou igualdade
Por João Cardoso Rosas in Diário Económico
As duas palavras principais do título indicam duas formas radicalmente diferentes de encarar as funções sociais do Estado.
Pela primeira vez na democracia portuguesa, essas duas visões opostas estão plasmadas na teoria e nas propostas concretas das duas grandes facções políticas: o Governo do PSD/CDS e a oposição do PS.
O novo PSD, anti-social-democrata e próximo do CDS, vê o Estado como supletivo em relação às organizações caritativas da sociedade civil - que, em Portugal, dependem em grande parte do dinheiro dos contribuintes... - e concebe a actuação do Estado à imagem de uma organização de beneficência. Isso é notório no Programa de Emergência Social (PES), mas também no "passe social +", nas tarifas sociais de electricidade e gás, etc. Há características comuns a todos estes programas e medidas: só abrangem os muito pobres, obrigam-nos a fazer prova da sua pobreza e criam, sobretudo no caso do PES, dependências pessoais e não institucionais (os pobres terão de agradecer pessoalmente, como dantes faziam, ao sr. Dr., ao sr. Provedor, ao sr. Padre).
Curiosamente, o ministro dos assuntos sociais não só não usa a palavra "igualdade", como deixou também de usar o termo "justiça". Agora fala apenas de "ética social" o que, no significado usualmente dado à expressão, não é mais do que uma versão laicizada da caridade.
O novo PS, o partido social-democrata de A. J. Seguro, tem-se demarcado com clareza da visão do Governo. Em termos conceptuais, tem criticado o assistencialismo das políticas sociais do Governo, considerando-as, como disse o próprio secretário-geral em Braga, um "retrocesso civilizacional". A linguagem do PS é a dos direitos sociais, não a da assistência aos mais pobres, ou da "ética social".
Mas aquilo que mais distingue o novo discurso do PS é o acento tónico nas ideias de justiça e igualdade. A referência à igualdade é, segundo me parece, o ponto decisivo. Num contexto em que o Estado não tem capacidade para desenvolver, ou sequer manter, alguns dos seus mecanismos redistributivos, as políticas sociais têm de ter maior incidência na fiscalidade do que na segurança social. Ou seja, é pela via da fiscalidade que o Estado pode ser mais igualitário e não meramente caritativo.
Em coerência, o PS insurge-se agora contra a punição fiscal das classes médias, sobretudo da classe média-baixa, e propõe alternativas: impostos sobre o capital, sobre empresas com lucros elevados (como na área das utilidades), etc. No entanto, para que o PS seja coerente com a sua visão social-democrata, falta-lhe ainda propor o mais justo e justificado dos impostos: o imposto sobre heranças e doações de que falou o Presidente da República.
A habituação e a qualidade da mensagem publicitária
Lembrei-me do tema porque um leitor, a respeito do artigo da semana passada sobre o "Livro da Marca" e a campanha da EDP, escreveu que, embora não apreciando a nova imagem da empresa, já se ia habituando; por isso, já a achava menos mal.
É esse o processo da habituação. Julgo poder transpor para a publicidade, numa aplicação minimalista, um conceito muito importante da sociologia a propósito das nossas práticas sociais. Émile Durkheim, na mudança para o século XX, foi buscar ao vocabulário escolástico o termo latino "habitus" para designar o conjunto das aprendizagens adquirida pela criança no decurso da sua educação. Outro sociólogo, Norbert Elias, usou o mesmo termo para evocar o tipo de personalidade originado no processo civilizacional do Ocidente. Mas foi um terceiro sociólogo, Pierre Bourdieu, quem refez o conceito para lhe atribuir um papel central na formação e consolidação das práticas sociais.
Para Bourdieu, o "habitus" é o conjunto de disposições que inculcamos e interiorizamos a ponto de tendermos a reproduzi-las, adaptando-as às condições em que agimos no quotidiano. A inculcação - o modo como se faz com que qualquer coisa entre no espírito de alguém de forma duradoura - é também vista em sociologia como o próprio processo de constituição desses "habitus" ou atitudes sociais adquiridas. Já encontramos aqui uma pista para entender a publicidade na sua faceta social. Através dos "habitus", interiorizamos ao longo da vida ideias e práticas que nos são exteriores: interiorizamos a exterioridade. É também o que nos sucede com a publicidade.
Falta referir uma terceira dimensão do "habitus": aquilo que é inculcado e passa a ser parte do espírito transforma-se depois em percepções, pensamentos e acções próprias de uma determinada cultura. Pomos em prática o que não era nosso, mas que fomos absorvendo do exterior. Ora, isso também é uma intenção primordial da publicidade: depois de inculcada a imagem ou a mensagem, convém que a transformemos em impulso de compra.
Na publicidade, o processo de habituação obtém-se pela repetição da mensagem. Só vendo, ouvindo e lendo muitas vezes os anúncios ficamos predispostos a aceitar slogans, logótipos, narrativas, produtos, serviços e marcas que antes desconhecíamos ou de que não gostávamos, como sucedeu ao leitor cuja mensagem suscitou este artigo.
A repetição inculca. Todos sabemos isso há muito, mas convém lembrar o "óbvio" de vez em quanto, porque as verdades mais importantes escondem-se muitas vezes por trás das coisas "óbvias" a que não ligamos nenhuma - por serem óbvias!
No caso dos "habitus" inculcados nas pessoas por meio de uma actividade comercial sistemática, persistente e concebida profissionalmente - a publicidade - convém recordar aqui outra verdade "óbvia": como a repetição é essencial para alcançar o objectivo, as campanhas devem ser, se possível (isto é, se houver orçamento), absolutamente esmagadoras, presentes diversas vezes ao dia em todos os media de comunicação social e nas ruas. Isso significa que só as grandes empresas, como a EDP, conseguem inculcar as suas mensagens e imagens com razoável eficácia, através de grandes campanhas.
E desta reflexão resulta uma terceira realidade "óbvia": é que a repetição esmagadora consegue a inculcação em muita gente, quer a campanha seja boa, quer seja má. O que também significa que publicitários com grandes orçamentos têm sucesso com muito mais facilidade do que publicitários trabalhando com pequenos orçamentos, mesmo que as campanhas destes sejam de melhor qualidade.