«"O perigo de ter uma câmara entre nós e o assunto é que ela pode virar um escudo. Às vezes é necessário. Especialmente na situação que vivi, pois o que fotografei é terrível e deprimente", conta Bob Caputo. "Em várias situações, chegava o momento em que eu não conseguia continuar. Tive de baixar a câmara. Fui dominado pela emoção e pela tragédia. Achava que se fosse capaz de continuar a fazer o meu trabalho, a tirar fotos quando me sentia daquela forma, deixaria de ser humano."
O limite relatado pelo fotógrafo da National Geographic, ocorre em diferentes escalas e, às vezes, nem é notado. Um jornalista espanhol conta que no seu trabalho como secretário de redação de um diário de Madrid se deparou com a seguinte situação: minutos antes da edição fechar, chegou a fotografia de um atentado terrorista. Entre os mortos, estava uma mulher grávida e seu feto, expelido dela pela explosão da bomba. A foto escolhida para a primeira página mostrava os dois cadáveres, mas não cabia no espaço reservado na página de forma a exibir mãe e filho.
Diante do problema - agravado pela urgência do fechar da edição -, o jornalista desejou que o corpo do feto estivesse mais próximo da mãe, para poder mostrar a imagem sem cortes no dia seguinte. Não havia outra foto: era preciso que os cadáveres estivessem a menos alguns centímetros de distância. Não é uma história sobre a qual o secretário de redação se orgulhe. »
Por Mariana Caetano
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