quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Um Plano Estratégico de Actuação

Duas premissas: concordamos todos que as coisas estão más. Analisamos a sociedade à primeira vista e concordamos com a existência de uma série de problemas, por exemplo, egoísmo ou individualismo, ou mais concretamente, comportamentos de risco como o consumo de drogas, ou a um nível mais geral, a crise económica, a pobreza ou as desigualdades. Em segundo lugar, e em resultado do meu texto anterior, concordamos que é nossa missão actuar sobre a realidade que observamos.

Interessa agora compreender e definir formas de actuar. Antes disso, importa lembrar que a regra geral da sociedade é contrária à ideia de actuação já que a actuação é, por definição, pôr em causa o status quo, o estado das coisas. É-o por motivos políticos e ideológicos. Na sociedade não existem acasos mas sim dinâmicas, instituições e estruturas.

Foi talvez essa a principal descoberta que fiz ao longo dos anos que passei a estudar Economia. Os problemas que vemos na sociedade são resultado de muitos anos de doutrinação. Os modelos económicos que regem a nossa política partem do princípio de que todos são egoístas; A felicidade do indivíduo está no consumo; As empresas devem procurar apenas o lucro; etc…

A nossa sociedade é resultado de escolhas políticas que, na sua maioria, surgiram de uma teoria e filosofia política nascida no séc. XVIII chamada liberalismo e que é a base de grande parte das teorias que fundamentam tudo o que nos rodeia, seja em termos económicos, jurídicos, políticos, etc… ou seja, tudo o que tem a ver connosco e com a sociedade que nos envolve. Mas não está tudo baseado no liberalismo. Em Portugal tivemos uma ditadura conservadora que durou quase meio século e à qual devemos grande parte das inércias e costumes da sociedade portuguesa. E além disso ainda temos de ter em consideração outras teorias que condicionaram opções políticas e o conjunto da sociedade ao longo dos últimos séculos, por exemplo, o socialismo.

A primeira regra da actuação é então a de conhecer o que está por detrás da sociedade onde vivemos. Como se desenvolveu, quais os passos que deu até se tornar aquilo que é hoje. Quais as suas bases e os seus fundamentos, porque acontecem as coisas de uma maneira e não de outra. Isto exige conhecer história mas não só, também importa conhecer teoria e sociologia política, alguma filosofia e alguma economia. As coisas que descobrimos com esse estudo colocam-nos a um nível privilegiado de conhecimento da sociedade. Desta investigação vão surgindo novas prioridades como a teologia (será importante saber de teologia para se compreender a sociedade?), talvez até a física mas com certeza, saber de filosofia das ciências e alguma biologia também não faz mal nenhum. Estar actualizado em relação a assuntos internacionais é também importante mas funciona melhor se já tivermos um conhecimento sério sobre história.

Por isso aqui fica o primeiro ponto do meu Plano Estratégico de Actuação: conhecer os fundamentos. O próximo será mais prático porque teoria sem prática é maneta. Mas prática sem teoria é apenas uma mão…

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