Já não sou caloira, mas é com alguma nostalgia e saudade que recordo essa experiência. Como acontece com a grande maioria dos estudantes, ingressei numa academia que não me permitia frequentar “a casa dos papás” todos os dias (e, na verdade, só nos faz bem!). Como não conhecia ninguém, receava os primeiros tempos e a adaptação a uma rotina completamente diferente. Como seriam as pessoas da minha turma? E o ambiente universitário? Afinal seriam mesmo só farras e guitarradas? E as praxes? Seriam realmente abusivas, como ouvimos nos noticiários e lemos nos jornais?
Rapidamente fui descobrindo a resposta para cada uma destas perguntas e, mentiria se dissesse que tudo foi um mar de rosas, mas posso estar grata por nunca ter havido nenhum problema maior.
Quero, antes de mais, sublinhar que não tenho conhecimento de como se processam as praxes noutras academias, e portanto venho aqui “vender o meu peixe” com base na minha experiência de praxe que decorreu de forma plena.
Em Aveiro nunca temos aulas às Quartas-feiras a partir das 15:00h, esse espaço de tempo encontra-se reservado à actividade da faina (ou praxe, se preferirem). NINGUÉM se encontra autorizado a praxar noutro dia da semana, seja a que hora for, sem consentimento prévio da Comissão de Faina, que por sua vez se encontra subordinada ao Conselho do Salgado (órgão supremo da faina que toma todas as decisões burocráticas em relação à praxe). Existe, na academia, um código de faina que é disponibilizado a todos os aluviões (ou caloiros) assim que ingressam na Universidade e que deve ser respeitado por todas as pessoas que a frequentam. Lembro-me, por exemplo, que nenhum veterano poderia praxar sem estar devidamente trajado, sem estar na presença de, pelo menos, mais quatro colegas, e sem ser no dito tempo reservado à actividade da faina. Eram também proibidas todas e quaisquer praxes de cariz sexual, chegando mesmo a incluir todas aquelas musiquinhas conhecidas por todos nós e apetrechadas de palavrões. Para além de tudo isto, todo o tipo de hierarquia que pudesse coexistir mediante a actividade de faina, assim que terminada a mesma, deixaria de existir, também com risco de punição pelo Conselho do Salgado.
Quero com isto dizer que, sim, concordo com a prática da praxe, desde que esta se desenrole num ambiente controlado e, claro, desde que seja vontade dos caloiros integrarem essa tradição académica.
Eu quis ser praxada (não sabendo muito bem para aquilo que ia) e nunca me arrependi nem fui vítima de qualquer excesso por parte dos meus veteranos (caso contrário, ter-me-ia declarado anti-praxe na hora). Pelo contrário, visto que não conhecia por cá viv’alma, ajudou-me a travar conhecimentos com muitos colegas num ambiente saudável de brincadeira, ajudou-me a conhecer a cidade no espaço de dois ou três dias, visto que os nossos veteranos nos proporcionavam actividades do tipo “Peddy-paper” pela cidade, e fez com que hoje eu relembrasse o meu ano de caloira como o melhor ano que tive até agora nesta academia.
Muitos serão os “fanáticos da praxe” que ao ler este texto irão pensar: “Olha, grande coisa, a praxe assim torna-se uma seca!”, enquanto outros que definem a praxe como o espelho da falta de igualdade e respeito pela liberdade e autonomia individuais, irão permanecer contra a minha opinião, por isso o resto dos comentários deixo com vocês…
Rapidamente fui descobrindo a resposta para cada uma destas perguntas e, mentiria se dissesse que tudo foi um mar de rosas, mas posso estar grata por nunca ter havido nenhum problema maior.
Quero, antes de mais, sublinhar que não tenho conhecimento de como se processam as praxes noutras academias, e portanto venho aqui “vender o meu peixe” com base na minha experiência de praxe que decorreu de forma plena.
Em Aveiro nunca temos aulas às Quartas-feiras a partir das 15:00h, esse espaço de tempo encontra-se reservado à actividade da faina (ou praxe, se preferirem). NINGUÉM se encontra autorizado a praxar noutro dia da semana, seja a que hora for, sem consentimento prévio da Comissão de Faina, que por sua vez se encontra subordinada ao Conselho do Salgado (órgão supremo da faina que toma todas as decisões burocráticas em relação à praxe). Existe, na academia, um código de faina que é disponibilizado a todos os aluviões (ou caloiros) assim que ingressam na Universidade e que deve ser respeitado por todas as pessoas que a frequentam. Lembro-me, por exemplo, que nenhum veterano poderia praxar sem estar devidamente trajado, sem estar na presença de, pelo menos, mais quatro colegas, e sem ser no dito tempo reservado à actividade da faina. Eram também proibidas todas e quaisquer praxes de cariz sexual, chegando mesmo a incluir todas aquelas musiquinhas conhecidas por todos nós e apetrechadas de palavrões. Para além de tudo isto, todo o tipo de hierarquia que pudesse coexistir mediante a actividade de faina, assim que terminada a mesma, deixaria de existir, também com risco de punição pelo Conselho do Salgado.
Quero com isto dizer que, sim, concordo com a prática da praxe, desde que esta se desenrole num ambiente controlado e, claro, desde que seja vontade dos caloiros integrarem essa tradição académica.
Eu quis ser praxada (não sabendo muito bem para aquilo que ia) e nunca me arrependi nem fui vítima de qualquer excesso por parte dos meus veteranos (caso contrário, ter-me-ia declarado anti-praxe na hora). Pelo contrário, visto que não conhecia por cá viv’alma, ajudou-me a travar conhecimentos com muitos colegas num ambiente saudável de brincadeira, ajudou-me a conhecer a cidade no espaço de dois ou três dias, visto que os nossos veteranos nos proporcionavam actividades do tipo “Peddy-paper” pela cidade, e fez com que hoje eu relembrasse o meu ano de caloira como o melhor ano que tive até agora nesta academia.
Muitos serão os “fanáticos da praxe” que ao ler este texto irão pensar: “Olha, grande coisa, a praxe assim torna-se uma seca!”, enquanto outros que definem a praxe como o espelho da falta de igualdade e respeito pela liberdade e autonomia individuais, irão permanecer contra a minha opinião, por isso o resto dos comentários deixo com vocês…
Dura Praxis, Sed Praxis? Terá realmente a praxe de ser dura para ser considerada praxe?
16.01.2011
SV
Sou caloiro da UA, e posso confirmar o que a "soraya" afirma no seu texto. Aqui a praxe nao é entendida como forma de prejudicar, enxuvalhar, maltratar as pessoas, mas como uma "ajudinha" à integraçao dos caloiros no meio académico. É nas praxes que conhecemos a maior parte dos nossos colegas caloiros, é tambem onde temos os primeiros contactos com veteranos, e os começamos a conhecer. Hoje digo que ainda bem que fui praxado.
ResponderEliminarCaro Mario Jorge,
ResponderEliminarAntes de mais obrigado pelo seu comentário mas, infelizmente, apenas confirma algo que eu já suspeitava: o problema é não haver alternativa às praxes. Assim, obviamente que a maioria das pessoas que conheceu foi nas praxes, pudera...Haviam milhares de outras coisas que se podiam fazer a que lhe permitiriam arranjar muitos amigos e que ao mesmo tempo, podiam ser enriquecedoras e que não seriam praxe...
Caro Tiago,
ResponderEliminarEmbora o seu ponto de vista seja bastante correcto, não é verdade que não há alternativa à praxe. Qualquer pessoa, que por algum motivo, não queira participar na praxe, e fazer parte de algo com história e tradição, nao é de maneira alguma excluído do ambiente académico e participa em todas as actividades (jantares de curso, jantares de amigos, festas, arraiais, por aí....), e convive com as pessoas como qualquer outro aluno da universidade. Garanto-lhe mesmo que os alunos que nao participam na praxe não são excluidos.