domingo, 13 de março de 2011

A Psicologia do Grupo

Venho hoje falar-vos um pouquinho acerca da “Psicologia do Grupo” e dos Conflitos entre o mesmo. A matéria é, por si só, um pouco pesada e teórica e, portanto, vou tentar abordar a questão de um ponto de vista mais simples, dando exemplos ilustrativos sempre que possível.
Para que isto não se torne tão aborrecido, irei realizar duas publicações acerca da temática.
Kurt Lewin (1890 – 1947), primeiro estudioso nesta área, nasceu na Prússia (hoje maioritariamente Alemanha) e pouco se sabe acerca da sua história familiar. Realizou os seus estudos universitários nas Universidades de Friburgo (Alemanha) e Munique, e doutorou-se em Filosofia pela Universidade de Berlim em 1914, apresentando e defendendo com sucesso uma tese sobre “A psicologia do comportamento e das emoções”. À primeira vista, tratava-se de um homem tímido, ausente de pretensões, e sobretudo notável pelas possibilidades inventivas que mostrava sempre no trabalho, tornando-se uma inspiração para os seus colaboradores de pesquisas.
Kurt Lewin exigia que tudo fosse discutido, explorado e decidido em grupo (as hipóteses, objectivos, metodologia, etc.), sempre atento às opiniões e sugestões, de onde quer que estas viessem.

Comecemos pelo básico. Um grupo, para que seja considerado “Um Grupo”, quantos elementos terá de ter? A resposta a esta questão será: Os que quisermos, desde que se trate de mais de uma pessoa. Portanto, poderemos utilizar o Instrução Primária para este exemplo: O Instrução Primária é, na verdade, um grupo. Somos 6 pessoas (embora às vezes dê para excluir o Tiago desta categoria – just kidding) que têm um objectivo em comum (conseguir direccionar ideias e debates principalmente para as pessoas que se enquadram na nossa faixa etária, abordando as grandes questões do nosso tempo), que interagimos entre nós (havendo relações directas entre as pessoas), que nos percepcionamos enquanto grupo (ou até mesmo um pouco mais que isso) e que somos identificados como grupo por todos os nossos leitores. Temos, portanto, entre nós, aquilo a que se chama a ENERGIA GRUPAL.

Existem diferentes estádios de formação de um grupo, dos quais obtêm destaque:
1. Estádio Nominal: O primeiro contacto, a estranheza, a fase em que ainda nos sentimos um pouco deslocados (os colaboradores do Instrução Primária acabaram por saltar esta fase, visto que éramos já conhecidos uns dos outros);
2. Estádio Fusional: Forma-se a coesão grupal (desejo dos membros se envolverem no grupo), a necessidade de estar junto dos elementos do nosso grupo em prol do objectivo comum.
3. Estádio Conflitual: Diferentes pontos de vista vêem ao de cima e surgem os primeiros conflitos (ui, que às vezes não são tão poucos quanto isso!). É nesta fase que poderá surgir uma luta pela liderança dentro do grupo.
4. Estádio Unitário: As pessoas acabam por funcionar em unidade, os conflitos são ultrapassados e gera-se uma maior tendência para o consenso. Digamos que é nesta fase que o grupo atinge uma certa maturidade.

Nota importante: Falei da coesão grupal no estádio fusional. Se esta coesão for bastante elevada, poderá não só trazer vantagens - maior energia grupal e maior apoio entre os elementos - bem como desvantagens - demasiado envolvimento entre as pessoas do grupo ou entre as pessoas e o grupo. Por outras palavras, podemos começar a levar o trabalho para casa ou poderá gerar-se o risco de se formarem, por exemplo, “lacinhos amorosos” dentro do próprio grupo, não é Tiago e Liliana? Cof, cof… Eles têm desculpa porque já tinham estabelecido os laços antes de o grupo ser formado.

Nem sempre, entre grupo, as coisas correm de igual modo, variando de grupo para grupo, consoante os traços de personalidade e as relações dos seus elementos. Existem dois grandes sintomas que poderão ser gerados:

Sintoma de Cooperação
Tem uma importância fulcral, uma vez que contribui para o aumento da segurança nas capacidades de cada membro e contribui para o sentimento de pertença a um grupo, gerando um ambiente alegre, de satisfação e de cumplicidade. Digamos que cada uma das partes e o todo ganham em sequência da entre-ajuda que se faz sentir. Há até uma frase muito bonita que resume tudo isto: “O resultado alcançado pelo grupo é superior à soma dos resultados pessoais obtidos numa situação de competição”, que é como quem diz “Duas cabeças pensam melhor do que uma só”.

Sintoma de Competição
Penso que é conhecido por parte de todos nós, mas resumindo: Diminui a auto-estima, aumenta o medo de falhar por parte de cada membro, promove a constante comparação entre os vários membros, favorece a exclusão (muitas vezes por critérios fúteis), aumenta a tensão e frustração, pode despoletar comportamentos agressivos e o grupo, entre si, não segue o seu curso normal.
Mas, a competição, moderadamente, poderá ser saudável uma vez que promove o desafio e a vontade de atingir determinado objectivo, estimula a criatividade dos membros e conduz à acção, fazendo com que as coisas “andem para a frente”.

Continuarei a temática, numa outra publicação, falando dos conflitos existentes entre o grupo
.

Sem comentários:

Enviar um comentário