E aqui quero explicar o meu comentário a este post da Soraya.
Todos sabemos que "Hoje em dia estamos rodeados de Ovos Kinder, a bem dizer. Vemos raparigas de mini-saia e decote (umas que mostram o que têm, outras que mostram o que não têm), sempre tão bonitas como um Ovo Kinder… e tão, ou mais, ocas que ele também."
Sabemos que existem "gentinha que faz um blogue só de maquilhagens, de conselhos de beleza, a contar como foi a sua noite de conquistas e bebedeiras"
Todos querem "parecer lindinhos por fora. E por dentro?".
Sabemos que a pequena delira "com os Morangos com Açúcar, porque é tão fixe ser como eles".
E ainda sabemos que "o resultado são um bando de mitras com as calças ao fundo do rabo, sempre acompanhados do seu telemóvel a debitar a alto som musiquinha deplorável."
Ora felizmente, também sabemos que a Soraya, não sendo exemplo para ninguém, se pode orgulhar do facto de a sua adolescência não ter sido construída com base em séries fuleiras.
No seu contacto social, a Soraya apercebeu-se que "No grupo de jovens, na catequese, não dá para discutir um tema mais abrangente e instruído, a não ser com meia dúzia de gatos pingados. Os outros limitam-se a olhar, tipo burros a olhar para um palácio: “Não sei, mas também não é coisa que me deva fazer falta, deixa-me estar calado para parecer menos burro”."
Para concluir, um bravo conselho, de que "que se libertem da simetria. Por amor de Deus, deixem de querer ser iguais aos outros, de imitar tudo o que vêem na tv ou, se resolverem imitar, imitem coisas que realmente valham a pena. Deixem de se alimentar apenas de prazeres momentâneos e encontrem um novo sentido para a vida, encontrem o potencial que têm dentro de vós e que pode ser moldado e transformado em algo de valor."
No seu outro blogue, alguém lhe respondeu ao mesmo post: "Venho felicitar-te por seres das poucas pessoas que tem uma maneira diferente de pensar e querer ser alguém na vida, não sendo igual aos outros." E deixa um link para um forum onde se discute o maior problema dos jovens actualmente com todo o tipo de comentários que se pode imaginar e que nos dá um óptimo exercício de sociologia se o lermos.
Qual é o problema com tudo isto afinal?
É que nunca vão passar desta conversa inconsequente. E não vão passar porque, embora critiquem a falta de interesse dos jovens, embora critiquem as futilidades, os gostos, as influências, etc, etc, etc... Nenhum destes comentadores mostra saber uma pinguinha de história, sociologia, economia ou filosofia para acrescentar ao assunto. Psicologia talvez, porque não há ninguém neste mundo que não pense saber de psicologia, só porque também têm uma cabeça e acham que para conhecer os outros, basta extrapolar a nossa própria experiência.
Soraya, afinal qual é o problema com os Morangos com Açúcar? É fútil? Qual é o mal disso? Porque haveria uma série televisiva não ser fútil se é isso que dá dinheiro? Mas então, porque é que uma estação televisiva se interessa por ganhar dinheiro? É a psicologia? É o Ser Humano que é assim? E os jovens vêem porque são fúteis por natureza?
E as calças a caírem ao cú? Qual é o mal? Já te vi bem mais despida (em bikini, entenda-se...). Qual é o mal? Parece gay? E ser gay é mau? É p'ra conquistar as gajas não é? Porque é que as gajas giras ficam sempre prós mais estúpidos? Já agora, porque é que consideramos alguém estúpido? Qual é o critério?
Pois, concordo contigo que não dá para discutir nada de mais avançado com jovens. Mas o que é que consideras ser mais avançado? Porque é que discutir astrofísica é melhor do que discutir a nova marca de rímel ou de roupa, daquela que também criticas se a astrofísica está lá longe e o rímel e a roupa me podem afectar todos os dias? Mas mesmo que seja melhor discutir astrofísica, não me deixas pista nenhuma sobre como corrigir isso...
Ou melhor, deixas uma pista sim, é o teu conselho. Que se interessem, pois, achas mesmo que o teu conselho serve para alguma coisa se não explicares tudo aquilo que te perguntei até aqui e muitas coisas mais que ainda carecem de explicação?
Pois claro que és diferente, e eu sei-o, como há muita gente que é diferente do geral sem conseguir sequer explicar porque é que ser diferente é uma coisa boa. Mas és diferente e a tua diferença é uma coisa boa. Estou consciente de que quem quer que te conheça sabe que a tua diferença é uma coisa boa sem qualquer explicação para isso. Simplesmente, gostam de ti, de te ouvir, e sentem-se bem com o que dizes, o que fazes e talvez, com a tua presença simplesmente.
No entanto, a tua presença simplesmente não serve como factor de transformação social, o que é, por um lado, uma pena (porque já tínhamos a solução para tudo) mas por outro, uma boa notícia, porque não conseguirias estar em todo o lado ao mesmo tempo. Precisamos de algo mais eficaz.
E do que precisamos é de nos afastar deste ciclo vicioso de perguntas e questões a que te submeti até agora neste post. Entra aqui o conhecimento da história, sociologia ou economia. É um dos factos mais interessantes em todo o discurso de tanta gente que fala neste assunto é que, mostrando-se tão elitista e tão conhecedor, ninguém apresenta um único facto histórico, uma única teoria, uma única explicação sociológica, nada.
Parecem pensar que nunca ninguém pensou no assunto. Que nunca ninguém se debruçou, que nunca ninguém escreveu artigos e livros sobre isto. Na verdade, duvido que algum dos comentadores que falou no fórum acima referido tenha alguma vez lido uma linha de um artigo científico sobre o assunto.
Mas existem abordagens científicas para a questão, por exemplo, aqui.
No fim de tudo isto, o que surge é a necessidade de explicar de forma inequívoca, diria eu, cientificamente, o problema dos jovens e, de seguida, debatê-lo convenientemente.
Uma verdadeira teoria não é algo que se crie de um dia para o outro, infelizmente. Mas podemos fazê-la aos poucos mantendo o rigor necessário.
Assim, podemos partir de factos históricos. Se achamos que os jovens de hoje em dia são diferentes dos de antigamente, temos de definir em quê. Pelas suas atitudes, maneiras de pensar, hábitos, etc... De seguida, temos de perceber o ponto (ou pontos) de viragem em que os jovens se tornam assim. Provavelmente encontraremos um processo mais complexo do que gostaríamos. De seguida teremos de encontrar as causas para que esse processo se tenha accionado (nesta fase já saberemos, em parte, porque é que as séries fúteis são mais vistas). As causas são sempre de diversa índole - económica, sociológica, política, cultural, etc... Tem de haver um rigoroso escrutínio de todas as potenciais causas e tem de haver uma forma rigorosa de ligar a causa ao efeito. Encontraremos então coisas que farão uma luz sobre toda a questão. Modelos políticos que preconizam uma sociedade de seres fúteis e egoístas, teorias económicas que entendem o ser humano como uma mera calculadora que maximiza prazeres e minimiza dores. Encontraremos momentos em que políticos que lutavam por dar emprego ao máximo número de pessoas se começam a interessar por tornar as pessoas dependentes do crédito. Descobrimos porque é que se valoriza tanto o consumo, porque é que ninguém se interessa por política, porque é que existem ricos e pobres, porque é que existem dreads e betos, porque é que as gajas giras ficam sempre para os estúpidos.
Depois há um trabalho mais chato, o de construir a teoria propriamente dita. Exige trabalho mais mecânico e menos teórico. E no fim existe uma teoria pronta para ser escrutinada, que explicará apenas uma parte da realidade mas que poderá enriquecer as outras teorias existentes e que, em conjunto com elas, pode criar uma estrutura científica com mais respostas.
E acima de tudo, é importante ter em conta que este se trata de um único caminho entre muitos possíveis e que não será certamente o melhor, derivado do meu ainda fraco conhecimento nestas matérias. Mas o que tenho a certeza é de que é necessário modelizar o problema. Criar um corpo teórico sério. Sabendo que a teoria por si só não resolve nada, mas sabendo que a prática precisa sempre de uma teoria. Sem essa teoria, a prática acaba por se tornar sempre um conjunto de acções descoordenadas e sem eficácia.
Agora, tendo em conta tudo isto que disse até agora (e podendo vocês não concordar comigo) digam-me, qual é o problema dos jovens actualmente?
Todos sabemos que "Hoje em dia estamos rodeados de Ovos Kinder, a bem dizer. Vemos raparigas de mini-saia e decote (umas que mostram o que têm, outras que mostram o que não têm), sempre tão bonitas como um Ovo Kinder… e tão, ou mais, ocas que ele também."
Sabemos que existem "gentinha que faz um blogue só de maquilhagens, de conselhos de beleza, a contar como foi a sua noite de conquistas e bebedeiras"
Todos querem "parecer lindinhos por fora. E por dentro?".
Sabemos que a pequena delira "com os Morangos com Açúcar, porque é tão fixe ser como eles".
E ainda sabemos que "o resultado são um bando de mitras com as calças ao fundo do rabo, sempre acompanhados do seu telemóvel a debitar a alto som musiquinha deplorável."
Ora felizmente, também sabemos que a Soraya, não sendo exemplo para ninguém, se pode orgulhar do facto de a sua adolescência não ter sido construída com base em séries fuleiras.
No seu contacto social, a Soraya apercebeu-se que "No grupo de jovens, na catequese, não dá para discutir um tema mais abrangente e instruído, a não ser com meia dúzia de gatos pingados. Os outros limitam-se a olhar, tipo burros a olhar para um palácio: “Não sei, mas também não é coisa que me deva fazer falta, deixa-me estar calado para parecer menos burro”."
Para concluir, um bravo conselho, de que "que se libertem da simetria. Por amor de Deus, deixem de querer ser iguais aos outros, de imitar tudo o que vêem na tv ou, se resolverem imitar, imitem coisas que realmente valham a pena. Deixem de se alimentar apenas de prazeres momentâneos e encontrem um novo sentido para a vida, encontrem o potencial que têm dentro de vós e que pode ser moldado e transformado em algo de valor."
No seu outro blogue, alguém lhe respondeu ao mesmo post: "Venho felicitar-te por seres das poucas pessoas que tem uma maneira diferente de pensar e querer ser alguém na vida, não sendo igual aos outros." E deixa um link para um forum onde se discute o maior problema dos jovens actualmente com todo o tipo de comentários que se pode imaginar e que nos dá um óptimo exercício de sociologia se o lermos.
Qual é o problema com tudo isto afinal?
É que nunca vão passar desta conversa inconsequente. E não vão passar porque, embora critiquem a falta de interesse dos jovens, embora critiquem as futilidades, os gostos, as influências, etc, etc, etc... Nenhum destes comentadores mostra saber uma pinguinha de história, sociologia, economia ou filosofia para acrescentar ao assunto. Psicologia talvez, porque não há ninguém neste mundo que não pense saber de psicologia, só porque também têm uma cabeça e acham que para conhecer os outros, basta extrapolar a nossa própria experiência.
Soraya, afinal qual é o problema com os Morangos com Açúcar? É fútil? Qual é o mal disso? Porque haveria uma série televisiva não ser fútil se é isso que dá dinheiro? Mas então, porque é que uma estação televisiva se interessa por ganhar dinheiro? É a psicologia? É o Ser Humano que é assim? E os jovens vêem porque são fúteis por natureza?
E as calças a caírem ao cú? Qual é o mal? Já te vi bem mais despida (em bikini, entenda-se...). Qual é o mal? Parece gay? E ser gay é mau? É p'ra conquistar as gajas não é? Porque é que as gajas giras ficam sempre prós mais estúpidos? Já agora, porque é que consideramos alguém estúpido? Qual é o critério?
Pois, concordo contigo que não dá para discutir nada de mais avançado com jovens. Mas o que é que consideras ser mais avançado? Porque é que discutir astrofísica é melhor do que discutir a nova marca de rímel ou de roupa, daquela que também criticas se a astrofísica está lá longe e o rímel e a roupa me podem afectar todos os dias? Mas mesmo que seja melhor discutir astrofísica, não me deixas pista nenhuma sobre como corrigir isso...
Ou melhor, deixas uma pista sim, é o teu conselho. Que se interessem, pois, achas mesmo que o teu conselho serve para alguma coisa se não explicares tudo aquilo que te perguntei até aqui e muitas coisas mais que ainda carecem de explicação?
Pois claro que és diferente, e eu sei-o, como há muita gente que é diferente do geral sem conseguir sequer explicar porque é que ser diferente é uma coisa boa. Mas és diferente e a tua diferença é uma coisa boa. Estou consciente de que quem quer que te conheça sabe que a tua diferença é uma coisa boa sem qualquer explicação para isso. Simplesmente, gostam de ti, de te ouvir, e sentem-se bem com o que dizes, o que fazes e talvez, com a tua presença simplesmente.
No entanto, a tua presença simplesmente não serve como factor de transformação social, o que é, por um lado, uma pena (porque já tínhamos a solução para tudo) mas por outro, uma boa notícia, porque não conseguirias estar em todo o lado ao mesmo tempo. Precisamos de algo mais eficaz.
E do que precisamos é de nos afastar deste ciclo vicioso de perguntas e questões a que te submeti até agora neste post. Entra aqui o conhecimento da história, sociologia ou economia. É um dos factos mais interessantes em todo o discurso de tanta gente que fala neste assunto é que, mostrando-se tão elitista e tão conhecedor, ninguém apresenta um único facto histórico, uma única teoria, uma única explicação sociológica, nada.
Parecem pensar que nunca ninguém pensou no assunto. Que nunca ninguém se debruçou, que nunca ninguém escreveu artigos e livros sobre isto. Na verdade, duvido que algum dos comentadores que falou no fórum acima referido tenha alguma vez lido uma linha de um artigo científico sobre o assunto.
Mas existem abordagens científicas para a questão, por exemplo, aqui.
No fim de tudo isto, o que surge é a necessidade de explicar de forma inequívoca, diria eu, cientificamente, o problema dos jovens e, de seguida, debatê-lo convenientemente.
Uma verdadeira teoria não é algo que se crie de um dia para o outro, infelizmente. Mas podemos fazê-la aos poucos mantendo o rigor necessário.
Assim, podemos partir de factos históricos. Se achamos que os jovens de hoje em dia são diferentes dos de antigamente, temos de definir em quê. Pelas suas atitudes, maneiras de pensar, hábitos, etc... De seguida, temos de perceber o ponto (ou pontos) de viragem em que os jovens se tornam assim. Provavelmente encontraremos um processo mais complexo do que gostaríamos. De seguida teremos de encontrar as causas para que esse processo se tenha accionado (nesta fase já saberemos, em parte, porque é que as séries fúteis são mais vistas). As causas são sempre de diversa índole - económica, sociológica, política, cultural, etc... Tem de haver um rigoroso escrutínio de todas as potenciais causas e tem de haver uma forma rigorosa de ligar a causa ao efeito. Encontraremos então coisas que farão uma luz sobre toda a questão. Modelos políticos que preconizam uma sociedade de seres fúteis e egoístas, teorias económicas que entendem o ser humano como uma mera calculadora que maximiza prazeres e minimiza dores. Encontraremos momentos em que políticos que lutavam por dar emprego ao máximo número de pessoas se começam a interessar por tornar as pessoas dependentes do crédito. Descobrimos porque é que se valoriza tanto o consumo, porque é que ninguém se interessa por política, porque é que existem ricos e pobres, porque é que existem dreads e betos, porque é que as gajas giras ficam sempre para os estúpidos.
Depois há um trabalho mais chato, o de construir a teoria propriamente dita. Exige trabalho mais mecânico e menos teórico. E no fim existe uma teoria pronta para ser escrutinada, que explicará apenas uma parte da realidade mas que poderá enriquecer as outras teorias existentes e que, em conjunto com elas, pode criar uma estrutura científica com mais respostas.
E acima de tudo, é importante ter em conta que este se trata de um único caminho entre muitos possíveis e que não será certamente o melhor, derivado do meu ainda fraco conhecimento nestas matérias. Mas o que tenho a certeza é de que é necessário modelizar o problema. Criar um corpo teórico sério. Sabendo que a teoria por si só não resolve nada, mas sabendo que a prática precisa sempre de uma teoria. Sem essa teoria, a prática acaba por se tornar sempre um conjunto de acções descoordenadas e sem eficácia.
Agora, tendo em conta tudo isto que disse até agora (e podendo vocês não concordar comigo) digam-me, qual é o problema dos jovens actualmente?
Concordo que temos de evoluir... O senso comum não serve nem pode servir nunca. Dizes que o todos somos psicólogos mas isso só acontece pk é uma área em que o pessoal acha que se safa com o senso comum. Temos de nos afastar dele mas é aqui que entra uma coisa que já disse mil vezes: eu só procuro o que sei que existe. Os jovens são estúpidos pk não conhecem. Dizia o meu prof de história do secundário que a escola não consegue competir nem com a televisão, nem com a internet e nem com todo o tipo de entretenimento que se passa fora da escola... Mas será a tv a culpada? Acho que nem sempre. A culpa não pode ser só da tv. Poderá ser de todo um sistema educativo... O papel da escola na vida dos jovens é muito franquinho.
ResponderEliminarTiago dizes "Porque haveria uma série televisiva não ser fútil se é isso que dá dinheiro?"
ResponderEliminarTenho a certeza que é possível fazer dinheiro sem que série seja fútil. Tudo são escolhas... Os morangos podiam ser uma série inteligente e cultural e isso não impediria perder as audiências, de maneira nenhuma.
Fazer uma série que é que premeia a estupidez é uma ESCOLHA. Apenas isso...
ResponderEliminarE acrescento ainda: E se fossemos nós os argumentistas da série? Faríamos dos jovens pessoas mais interessadas e interessantes? Tudo mudaria? Se a resposta a estas questões for SIM, então talvez possamos afirmar que a tv é que é o problema...
ResponderEliminarClaro que a TV não é o problema. É essa uma das minhas queixas em relação ao tipo de discursos que se vêem por todo o lado.
ResponderEliminarO problema está muito antes da TV.
"Os morangos podiam ser uma série inteligente e cultural e isso não impediria perder as audiências, de maneira nenhuma." - impediria impediria. Porque o problema e as escolhas estão muito antes da escrita do guião dos McA.
Se fosse como dizes, a RTP2 tinha muito maiores audiências.
O problema também não é só com o sistema educativo. O sistema educativo é em si também um resultado de algo que está por trás.
E o que está por trás, são as ideias e é a política que segue essas ideias.
Tu realmente sempre foste muito bom em tudo, o senhor e detentor de todo o conhecimento... só nunca foste bom no mais básico: relações interpessoais! Não digo que não tenhas razão no que disseste, não é isso que está em causa, é a forma como o fazes, designadamente a alguém que dizes ser tua amiga. É só que acho que existem maneiras e maneiras de dizer as coisas as pessoas sem ter de as expor demasiado num meio de comunicação social. Mas pronto, isto é apenas a minha opinião, a opinião de uma pobre ignorante que outrora foi colaboradora deste blogue. Boa continuação!
ResponderEliminaroh Soraya, gaita, no que é que eu te expus? Em dizer que já te vi de bikini? Já fomos à praia...e depois?
ResponderEliminarSe leres bem, verás que nem se trata nem de perto, de um ataque pessoal contra ti. Trata-se de um pequeno ataque à tua forma de ver as coisas que, considero, limitada, e que tenho todo o direito a considerar, como tu tens todo o direito a não concordar comigo.
O meu argumento diz apenas que o pessoal não está a ver tudo o que está em causa. No entanto, todos os que refiro no artigo, EXCEPTO TU, não mostram qualquer problema em afirmar coisas como:
"Para além de inuteis, somos uma cambada de irresponsáveis por aquilo que é nosso."
"Somos um país de INÚTEIS. há muitos jovens que não servem rigorosamente para nada! Acabam a porta dos centro de desemprego desesperados porque quando podiam ter feito algo na vida, ficaram a jogar a bola, andar de skate e a fumar uns pavões, basicamente são os sugadores do dinheiro"
"O povo português é tão estúpido que em tempo de crise ainda paga bilhetes para ver jogos e aqueles gajos que jogam futebol "
"Eu estou-me a cagar para Portugal, vivi aí 18 anos da minha vida e é o povo mais arrogante, mais triste e mais burro que conheço."
"Homens da Luta? Aqueles dois que se estão a encher de dinheiro à pala da burrice dos portugueses e das figuras do passado? Boa!"
E mesmo assim, não vês da minha parte este tipo de conversa. Não chamo ignorante a ninguém mas sinto-me confortável para afirmar que nunca leram nada decente sobre o assunto porque não vi nada de decente citado em toda a discussão.
Deixo-te por fim um parágrafo fulcral neste texto e que não deves ter percebido muito bem:
"Pois claro que és diferente, e eu sei-o, como há muita gente que é diferente do geral sem conseguir sequer explicar porque é que ser diferente é uma coisa boa. Mas és diferente e a tua diferença é uma coisa boa. Estou consciente de que quem quer que te conheça sabe que a tua diferença é uma coisa boa sem qualquer explicação para isso. Simplesmente, gostam de ti, de te ouvir, e sentem-se bem com o que dizes, o que fazes e talvez, com a tua presença simplesmente."
Eu sou um dos que se sente bem contigo, que gosta de te ouvir e que se sente bem com o que dizes e fazes. Nada neste texto te ataca e nada nele te deve fazer sentir atacada, humilhada ou o que quer que seja. Tenho muita pena que penses que sim mas garanto-te que não.
Ah, quanto ao título, não és tu que precisas de evoluir...é o movimento de pessoas que pensam que as coisas estão mal, onde me incluo, que precisa de evoluir e procurar melhores respostas do que aquelas que apresentam actualmente...
Os morangos podiam ser uma série inteligente e cultural e isso não impediria perder as audiências de forma nenhuma, torno de novo a dizer. As duas coisas são compatíveis. Bastaria que os argumentatistas tivessem alguma formação que não têm. Bastaria que os tipos produtores de ficção [Casa da Criação (fábrica de novelas portuguesas), Rui Vilhena e Tozé Martinho] fossem outra coisa que não argumentistas. Porque raio as pessoas mais inteligentes deste país têm de se associar à política, ou estar na direcção de algum jornal, ou serem professores em faculdades? Isso é excelente, mas porque não fazer também um argumento para uma novela no lugar de escrever um livro sobre a geração da "caixa mágica" (embora as duas coisas sejam compatíveis)? As pessoas bem formadas afastam-se da tv pk é uma porcaria, mas porque não escrever um argumento para uma novela? Porque não?
ResponderEliminarContinuo a achar que perderiam audiências. Porque as novelas são apenas um resultado de algo muito maior. As pessoas são consumistas e fúteis antes das novelas e as novelas apenas ampliam esse efeito.
ResponderEliminarHá uma teoria anteriormente, que se veio apurando há anos ou séculos até. As novelas são o resultado disso e não são um acaso nessa trajectória.
O que quero dizer é que não chega o facto de alguém se lembrar de fazer uma novela intelectual para que as pessoas se sintam com vontade de ser intelectuais. Senão a RTP2 tinha enormes audiências e os seus comentários, que são de enorme qualidade, seriam vistos por largos milhões de portugueses.
ResponderEliminarIsto porque sem mexer nas qualificações e formação dos portugueses não se consegue pô-los a gostar de ciência, mas sem um meio social propício à formação intelectual também as pessoas não se interessam por estudar nem por procurar mais naquilo que estudam. Sem um Estado que abra as oportunidades de acesso a todos e que permita a todos condições de vida digna também não se consegue tornar as pessoas curiosas e criativas intelectualmente.
É um sistema complexo este, e só indo às suas fundações teóricas conseguimos descobrir o âmago da questão - que na minha opinião é uma concepção de liberdade individual que é altamente desumanizante. Algo que dá para debatermos melhor noutra ocasião...