sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Ingratidão...

Por indústria de uns olhos, mais brilhantes
que o refulgente sol dos céus no cume,
jaz preso entre os grilhões do idálio nume
o mais terno e sensível dos amantes.

Uma ingrata, exemplar das inconstantes,
por génio, por sistema ou por costume,
todo o fel da tristeza e do ciúme
lhe verte sobre os míseros instantes.

Se com piedoso afago lhe suaviza,
lhe engana alguma vez a dor que o mata,
mil vezes em desdéns o tiraniza.

O laço aperta, e súbito o desata...
Ah! Doce encanto meu, gentil Felisa,
o desgraçado eu sou, tu és a ingrata.


Bocage

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