Para um, a Igreja, coitadinha, está a ser perseguida. É como no caso do túnel do estádio da Luz. Nesse caso, toda a gente se esqueceu do facto de um jogador ter partido para a violência com um assistente de recinto desportivo. Eis que de repente, quando se somam as centenas, milhares de casos de padres pedófilos um pouco por todo o mundo, alguns preferem falar em estatística e dizer que são apenas 2% e que tudo isto é um ataque à Santa Madre Igreja.
Claro que o facto de o Papa, como dezenas de bispos terem ocultado as centenas de casos que se sucederam é irrelevante. Claro que para mim é irrelevante que o Papa que dirige a Igreja Católica se tenha interessado mais com o bom nome desta do que com a vida dos milhares de pessoas abusadas.
São perseguidos, coitadinhos.
Caros amigos, que são como eu católicos, entendam aqui o que é o individualismo:
Individualismo é olhar para o caso como um problema individual de cada um dos padres que o praticou e esquecer todo contexto social e institucional que o envolve.
Anselmo Borges, neste texto, prefere procurar alguns pontos que ajudam a entender a questão. Não a explicam toda, mas ajudam.
Mas depois respondem: a maioria dos pedófilos são casados. E eu respondo: É isso, comparem os padres com os piores e sintam-se contentes com isso...
Continuem a esquecer o que aconteceu e prefiram achar que está tudo bem porque os outros ainda conseguem ser piores. Depois ainda me lembrem que esses radicais dos muçulmanos não tem qualquer noção do que são direitos humanos. Depois vitimizem-se e digam que são alvo de um grande complot para destruir a Igreja. Eu apenas responderei que dessa Igreja, eu não faço parte...
PS: João César das Neves, duvido muito que a perseguição que Jesus Cristo falava fosse essa...
O caro amigo não leu o anterior artigo de João César da Neves? Ou esse já não interessa?
ResponderEliminarSe não leu aqui fica alguns trechos para lhe aguçar o apetite:
“A pedofilia é um crime horrendo. Pior se o criminoso for educador. Mais ainda se for clérigo. A prioridade em casos tão graves é prevenção, socorro às vítimas e punição exemplar. A Igreja Católica tem de ter regras muito claras para estes casos, e vigilância atenta e severa. E tem.”
“Primeiro as acusações não se dirigem aos verdadeiros culpados. Quem realmente se ataca são, não pedófilos, mas o Papa, cardeais e bispos. Discute-se, não psicologia infantil, mas política eclesiástica.”
“Em segundo lugar utiliza-se um truque estatístico clássico. Tomam-se 50 anos, em todo o mundo e acumulam-se todos os casos encontrados. Desta forma demonstra-se o que se quiser; este é o método das provas "científicas" invocadas por horóscopos, charlatães e milagreiros. Empilham-se situações muito antigas e muito diferentes que, juntas, ninguém perde tempo a considerar com atenção. Conta só a imagem global. A imaginação faz o resto. Nunca se questiona a agregação de casos díspares ou a razão de surgirem todos de repente agora.”
“O terceiro sintoma é não se usarem os indicadores adequados: percentagens. Que peso dos criminosos no total dos sacerdotes? Muito mais importante, qual a percentagem destes casos no total dos abusos? Se o que nos preocupa são as crianças, este dado é decisivo.”
“A prática é tradicional. Assim se criou há séculos o mito da Igreja sanguinária nas cruzadas e Inquisição. Tirando os casos do contexto, relacionando épocas diferentes e empolando os números, gerou-se a lenda do terror inquisitorial em que hoje ainda até muitos católicos acreditam.”
Lê:
http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1536169&seccao=Jo%E3o C%E9sar das Neves&tag=Opini%E3o - Em Foco
E este do Padre Anselmo Borges também não?
“Na semana passada, fui abordado por vários jornalistas sobre a calamidade dos padres pedófilos. Que achava? A resposta saía espontânea: "Uma vergonha." Aliás, no sábado, apareceu, finalmente, a Carta do Papa, na qual manifestava isso mesmo: "vergonha", "remorso", partilha no "pavor e sensação de traição".”
“O pior, no meio deste imenso escândalo, foi a muralha de silêncio, erguida por quem tinha a obrigação primeira de defender as vítimas. Afinal, apenas deslocavam os abusadores, que, noutros lugares, continuavam a tragédia.”
“As vítimas precisam de apoio e de reparação, na medida do possível. Esse apoio não pode ser só financeiro. Note-se que já se gastaram em indemnizações milhares de milhões de euros, sendo certo que os fiéis não pensariam que todo esse dinheiro havia de ter, infelizmente, este destino. Assim, até por isso, a Igreja precisa de reparar os males feitos e de uma nova atenção para que esta situação desgraçada nunca mais se repita, o que implica, por exemplo, uma atenção renovada no recrutamento de novos padres.”
Lê:
http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1529412&seccao=Anselmo Borges&tag=Opini%E3o - Em Foco
Esqueci-me de te fazer umas perguntas.
ResponderEliminarSerá que empolar os casos de pedofilia relacionados com membros da Igreja não é perseguição? Quer queiras quer não 2 %, não é nada parecido com 40%. Pelo menos quando eu andei na escola.
Ou seja, será que nestas ultimas semanas no mundo, os crimes de pedofilia descobertos estão TODOS relacionados com membros da Igreja? Não creio!!!!!!!!
Ou será que tudo o que seja denegrir a imagem da Igreja é que vende, dá audiências?
João,
ResponderEliminarPrimeiro, so bispos e o papa são realmente culpados por terem encoberto casos como encobriram.
Segundo, arrepia-em o argumento estatístico: quer dizer, temos de ficar satisfeitos porque afinal são só alguns os culpados?parecem-te poucos?a mim parecem-me demais...
No fundo, tu, como o João César das Neves, estão satisfeitos com tudo isto ao que parece, preferindo culpar cada pedófilo individualmente e esquecendo que só um clima podre dentro da Igreja Católica podia levar a estes casos de abusos e a que estes fossem escondidos por alguns principais membros da hierarquia da Igreja.
O Anselmo Borges e eu não estamos satisfeitos e achamos que, ao invés do discurso da vitimização a Igreja devia olhar para si própria com humildade e perceber que é a própria estrutura que está em causa.
Mas não se preocupem, foram só alguns poucos casos não é? vai dizer isso às pessoas abusadas...
E mais, JCN esquece-se que ele próprio é especialista em fazer o mesmo tipo de jogos estatísticos que acusa no seu artigo. Mas fa-lo quando é para atirar aos comunistas ou a alguém de quem não goste. Tudo o que é da Igreja tem de ser relativizado e contextualizado, mas o resto não...
ResponderEliminarTambém dessa Igreja eu não faço parte...
«Para o sociólogo da religião Moisés Espirito Santo, o discurso "hermético, teológico é próprio das religiões" e nem sempre é fácil de perceber para os fiéis. "É feito para o interior , numa espécie de código, muitas vezes para fugir às questões concretas, num instinto de defesa", explica. No entanto, considera que a "questão da pedofilia está a ser empolada". Embora não se possa falar de perseguição à Igreja, diz, há acusações contra sacerdotes e parece haver uma tendência para auto-vitimização da própria organização.
ResponderEliminarMaria João Sande Lemos, do grupo português do movimento internacional de leigos Nós Somos Igreja considera que a Igreja "funciona sempre um bocadinho atrás, a reboque" e que o seu discurso está desfasado das preocupações da sociedade. E por isso, "o que a Igreja diz não interessa às pessoas que acabam por se sentir desiludidas e até afastarem-se". Aliás, o movimento já tinha salientado a necessidade da Igreja olhar para as suas próprias estruturas - e reformá-las - para resolver o problema da pedofilia, em vez de dizer que se tratam de ataques externos.»
O sociólogo Moisés Martin também critica os discursos "reactivos", que passam a ideia de uma Igreja "na defensiva, acossada". "A Igreja refugia-se num discurso dogmático, quando tem é de fazer propostas. Fico com a ideia de que os responsáveis não são suficiente mente assessorados e isso nota-se quando falam sobre este tempo que é o nosso".
A anterior citação foi tirada de
ResponderEliminarhttp://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1542501
É difícil dialogar com alguém que só vê o que quer ver!!
ResponderEliminarMas insisto! Neste mesmo artigo que tanto criticas, João César das Neves escreve o seguinte:
“Houve cristãos obscurantistas, persecutórios, cruéis, injustos, luxuosos, como hoje há padres pedófilos. Aliás, em 2000 anos de história, e agora com mais de mil milhões de fiéis, tem de haver de tudo. A distorção está na generalização ao todo de casos particulares aberrantes. Não sendo tão má quanto o mito, a Inquisição foi péssima. Mas a Inquisição não representa a Igreja e a própria Igreja da época a condenou. Os críticos nunca combatem os erros, sempre a instituição. Hoje não se ataca a pedofilia na Igreja, mas a Igreja pedófila.”
“Hoje não se ataca a pedofilia na Igreja, mas a Igreja pedófila.”
Nenhum Católico minimamente sério e coerente seja eu, João César das Neves, o Padre Anselmo Borges, Maria José Nogueira Pinto, leigos, Padres, Bispos e até o Papa, está satisfeito ou é conivente com estes crimes!
Ninguém está a “sacudir a agua do capote”, só se está criticando o modo desproporcional com que a comunicação social trata os casos relacionados com a Igreja!!!!
Pois como digo no anterior comentário, nestas ultimas semanas até parece que a pedofilia é um crime exclusivo da Igreja! Até parece que ser Padre é ser pedófilo!
Quando se lê um texto deve-se olhar para ele na totalidade, e não só aquilo que interessa!!!!!!!!
Também podes ler esta, vai-te ajudar:
ResponderEliminarhttp://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1538460&seccao=Maria Jos%E9 Nogueira Pinto&tag=Opini%E3o - Em Foco
"Houve cristãos obscurantistas, persecutórios, cruéis, injustos, luxuosos, como hoje há padres pedófilos."
ResponderEliminarVês a questão do individualismo que falei no post?
Para uns, a culpa é de uns quantos indivíduos que erraram, por culpa apenas própria individual de cada um.
Para outros, a instituição também tem culpas. Os ataques não são ao Papa ou aos Bispos mas sim a um sistema institucional que permitiu que estas coisas acontecessem.
É por isto que o meu ataque vai contra a instituição. Porque a instituição, entendida como forma de organização e interacção entre individuos tem culpas.
A auto-vitimização é um tiro no pé...As pessoas precisam de ouvir as autoridades religiosas a serem duras consigo próprias, a mostrarem que se acabou a brincadeira e não a dizerem que estão a ser perseguidos.
“Hoje não se ataca a pedofilia na Igreja, mas a Igreja pedófila.”
Não João, ataca-se uma Igreja que foi conivente, que pelas suas estruturas e formas de actuação, permitiu que a pedofilia se torna-se quase estrutural, e que quando é confrontada com os factos os relativiza através da estatística.
E atenção porque não se diz que a Igreja é pedófila, diz-se que a sua estrutura permitiu que vários dos seus membros fossem pedófilos.
ResponderEliminarO que se pede é a humildade para aceitarem que a Igreja ERROU...
O que achas ser necessário para que a Igreja assuma que “O que se pede é a humildade para aceitarem que a Igreja ERROU...”, a demissão do Papa, a auto-flagelação, o quê?
ResponderEliminarO Santo Padre já veio publicamente pedir desculpa, em Portugal a igreja já veio á praça pública pedir desculpa.
Lê:
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?&id=78833
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?&id=78869