domingo, 24 de janeiro de 2010

IRONIA: uma via para o CONHECIMENTO

O Homem é um ser moldado pelo meio em que se desenvolve... Por ser eminentemente social as suas apetências cognitivas e sociais são determinadas pela estimulação ocorrida durante o seu desenvolvimento.
Assim, não há um Homem que seja completamente responsável pela sua personalidade.

Ninguém é totalmente culpado pelas suas ideias e pelos seus objectivos porque estes constituem aspirações que o meio social proporcionou ao Homem durante o seu crescimento.
Este simples princípio implica, inteiramente, uma sensata e inteligente TOLERÂNCIA. Tolerância pelo outro e com o outro que geram a COMPREENSÃO.

Ora, são precisamente estes 2 princípios, a TOLERÂNCIA e a COMPREENSÃO que geram o CONHECIMENTO.

Olhemos ao caso de SÓCRATES na antiga Grécia…

Sócrates dizia que a filosofia não era possível enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio e reconhecesse as suas limitações. "Conhece-te a ti mesmo" era a sua máxima.
Ora, o saber só poderia ser alcançado através de perguntas.
Mas as suas perguntas estavam envolvidas num duplo sentido:
1º) Ironia;
2º) Maiêutica.

1º) IRONIA...
Sócrates costumava iniciar uma conversação fazendo perguntas e obtendo dessa forma opiniões do interlocutor, opiniões que ele APARENTEMENTE aceitava. Depois, por meio de um interrogatório hábil, desenvolvia as opiniões originais do tal interlocutor, mostrando a tolice e os absurdos das suas opiniões superficiais, através das consequências contraditórias ou absurdas destas mesmas opiniões e a confessar o seu erro ou a sua incapacidade para alcançar uma conclusão satisfatória. Esta primeira parte do método de Sócrates, estava destinada a levar o indivíduo à convicção do ERRO.


2º) Maiêutica...
Na maiêutica, dá à luz um NOVO CONHECIMENTO, um aprofundamento que não chega ao conhecimento absoluto. Ele comparava frequentemente este método com a profissão da mãe que era parteira: era possível trazer a verdade à luz. Assim, ele voltava-se para os outros, e interrogava-os a respeito de assuntos que eles julgavam saber. O seu sentido de humor confundia os seus interlocutores, que acabavam por confessar a sua ignorância, da qual Sócrates extraía sabedoria.


Por exemplo, querendo apreender o conceito de coragem, dirigia-se ao um general, e perguntava-lhe:
- você que é general, poderia me dizer o que é a coragem?
O general respondia-lhe:
- coragem é atacar o inimigo, nunca recuar.
Mas Sócrates contradizia:
- às vezes temos que recuar para melhor contra atacar.

E a partir daí continuava o debate ampliando o conceito.

O exemplo clássico da aplicação da maiêutica é um diálogo platónico (Mênon), no qual Sócrates leva um escravo ignorante a descobrir e a formular vários teoremas de geometria.


O método de Sócrates parte do principio de que tudo o que o Homem precisa ele já possui... apenas é preciso alguem que o guie e que faça dar à luz novas ideias mais fundamentadas e concretas...

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