quarta-feira, 19 de maio de 2010

"Aprender no bar e curtir nas aulas?"

Será um lema de algum estudante a trabalhar num bar em part time? Não. É uma ideia de um professor catedrático vencedor do Prémio Pessoa e fundador de uma das mais reputadas empresas nacionais, a YDreams. (...)
A ideia de que estudar só pode ser um prazer ou, então, não faz sentido não é nova, mas parece que custa a entrar. Parece que sobrevive ainda a ideia de que o saber é algo de chato e que o bar é o lugar da pura desbunda em que os estudantes fogem da seca das aulas. Talvez ainda haja demasiados estudantes em Portugal que estão a estudar o que os papás quiseram e não o que eles queriam. Talvez ainda haja demasiados estudantes a tirar um canudo em vez de aprenderem o que gostam.
«Devíamos apostar no conhecimento ou na riqueza?» António Câmara, no seu livro Voando com os pés na terra, explica como esta questão esteve em discussão em 1548. Diz ele: «A maioria inclinou-se para a riqueza e os resultados são conhecidos». Dizemos nós que Portugal, na sua sede de riqueza, nos séculos seguintes, conseguiu transformar-se num dos países mais pobres da Europa. Faltou o conhecimento.
Assim, da mesma forma que as pessoas que apostam em cursos de que não gostam hão de ser maus profissionais, também os países que encararam as universidades e o saber como um luxo em que é preciso poupar se têm mantido subdesenvolvidos. Afinal, aprender no bar e curtir nas aulas será irresponsável? Ou não serão os marrões e os poupadinhos da educação os irresponsáveis? Certo é que não faltam estudantes com criatividade. (...) conseguimos encontrar estudantes empreendedores, músicos e poetas.
Onde estão as universidades e os politécnicos para realizarem todo esse potencial?


Editorial da revista AULA MAGNA (com supressões)

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