"Todos os que passaram pela adolescência sabem que é uma época um bocado parva da vida. As certezas absolutas de tudo, a impaciência com os mais novos,mais velhos e os da mesma idade, e a revolta de ainda não ser adulto para poder fazer o que muito bem quer são algumas das características de um adolescente típico. Aos 16 anos quase tudo é um problema sem solução à vista, e os excessos tomam conta do crescimento, sobretudo numa fase em que tudo é um exagero. Mas há descontrolos mais nocivos que outros. Um estudo da Deco revelou que mais de metade dos jovens entre os 12 e os 15 anos que tentaram comprar bebidas alcoólicas conseguiram fazê-lo, apesar de a lei actual proibir a venda de bebidas alcoólicas a menores de 16 anos. Segundo uma notícia no Público, a Deco esclareceu que “entre 78 cafés e pastelarias, restaurantes de fast food e super e hipermercados visitados, foi mais fácil obter a bebida nestes últimos estabelecimentos”. O estudo é útil, não só porque vem confirmar uma tendência observada em bares de adolescentes, mas também porque aponta outros locais onde as autoridades deverão intervir. A ASAE existe também para fiscalizar os bares onde se vendem “shots” de vodka a rapazes e raparigas que não têm idade para consumir uma única bebida, quanto mais várias. Ainda segundo a mesma notícia, um estudo realizado há três anos pela Universidade Nova de Lisboa para o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) revelava que quase 9% dos adolescentes entre os 16 e os 17 anos consomem cinco bebidas numa única ocasião. O hábito é repetido três a cinco vezes por mês. As consequências do abuso de consumo de álcool na adolescência são muito graves. Cerca de 40% dos jovens que morrem em acidentes de viação apresentavam álcool no sangue. E há outras sequelas. João Goulão, presidente do IDT, alerta para o aparecimento de jovens abaixo dos 30 anos com cirroses. Os adolescentes hoje bebem mais? Como se combate este problema?"
*Crónica de Clara H. Quevedo para o Jornal Metro (28.05.2010)
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